Ficaram as fachadas onde se pode ainda ver o medalhão que assinala esse facto.
O medalhão no prédio (foto de 2017? Vou procurar no "arquivo") |
Ardeu agora a casa onde nasceu.
Foi demolida, em Campo de Ourique, no ano de 2006, a casa onde viveu os últimos anos da sua vida e onde faleceu.
Do fogo não sabemos as causas.
Da demolição, sabemos que foi ordenada por Manuel Pinho, ex-membro do Conselho de Administração do Grupo Banco Espírito Santo e Ministro da Economia e Inovação de um dos governos de Sócrates, que tinha adquirido a casa.
Manuel Pinho tem mais sensibilidade para as finanças do que para a cultura.
Depois de comprar a casa, terá exigido contrapartidas financeiras para a vender à Câmara (é o que se depreende do texto do jornal Público de 6 de Janeiro de 2006) ou, com toda a legitimidade, apenas a pretendia vender?
Porta da casa de Almeida Garrett em Campo de Ourique, Lisboa |
As casas que foram de Garrett parecem estar com menos sorte.
Excerto da notícia de 6 de Janeiro:
«Como actual presidente do executivo camarário, Carmona Rodrigues justificou a decisão de autorizar o proprietário a demolir o imóvel com a inexistência de interesse da autarquia na preservação do edifício, além da falta de dinheiro para a sua transformação numa casa-museu, a aquisição de um espólio e o pagamento de contrapartidas a Manuel Pinho.
A autarquia recorda também que o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) não classificou o edifício, tendo apenas recomendado a sua classificação como edifício de interesse municipal, mas já depois de emitida a autorização da demolição.»
Público, 6 de Janeiro de 2006
Este excerto também é elucidativo da forma de funcionamento de algumas instituições públicas.
A casa desenhada na capa do livro de José-Augusto França |
Em 2007, José-Augusto França editou Garrett e outros contos, obra assim intitulada por incluir textos provocados pela demolição danosa, em 2006, da casa em que Almeida Garrett viveu os últimos anos da sua vida.
são de lamentar tais comportamentos :(
ResponderEliminarNo caso do incêndio do Porto, as notícias têm feito eco das negociações que já existiam sobre o edifício, porque a Câmara o queria adquirir para Museu do Liberalismo. Parece-me uma óptima ideia, pela forte ligação da cidade ao liberalismo histórico, pelo papel de Garrett… Tudo!
ResponderEliminarMas estas situações do património fazem-nos sentir que somos do escalão dos pobrezinhos.
Umas vezes, pobrezinhos de dinheiro, outras vezes, pobrezinhos de espírito, e ainda outras, pobrezinhos das duas coisas!
Há pessoas de quem esperamos atitudes mais... elevadas.
Acho que o caso que envolveu o ex-Ministro é mesmo triste, sob várias perspectivas.
Não é possível preservar tudo (nem saudável, ou continuaremos no passado), mas…
Um bom dia