"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sábado, 11 de agosto de 2018

Imperador Adriano


Admiro a capacidade de quem sabe fazer as devidas correspondências no calendário e afirma peremptoriamente que essa foi a data.

«-Considera Adriano um génio?
- Certamente. (...) Porque ele inova continuamente, ou reforma sem cessar, com uma inteligência rara. (...) Foi inteligentíssimo em tudo. Se olhou muito para o passado, isso não o levou a negligenciar o futuro. Está muito mais próximo de nós do que o típico imperador romano de Suetónio, ou dos filmes e dos romances de grande espectáculo. Num certo sentido, é um homem do Renascimento. (...) Adriano não é fulgurante. É uma das coisas que gosto nele. É sobretudo lúcido, com grande abertura a mundos que não os seus... (...) Um pequeno poeta latino, Floro, dizia, troçando: "O imperador adora passear-se nos países frios, sob a neve cita e a chuva bretã." E Adriano respondia-lhe mais ou menos assim: "Ficai em Roma, nas tabernas, deixando-vos picar pelos mosquitos e falando de literatura."»
Marguerite Yourcenar, De Olhos Abertos - Conversas com Matthieu Galey

Admiro o génio de Marguerite Yourcenar.
Através dele admiro Adriano.


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