Entraram 7 novos ministros, tendo o Presidente do Conselho de Ministros dado conta desta remodelação ao Presidente da República durante as férias.
Uma remodelação deste cariz, mais de sete anos depois da última (verificada em Abril de 1961, após o chamado "golpe de Botelho Moniz"), que hoje seria motivo de demoradas análises políticas e de extensos comentários, pouco espaço mereceu na comunicação social da época.
Salazar já tinha caído da cadeira, no Forte de Santo António, no princípio do mês de Agosto, mas isso ainda estava por se saber e tudo decorria aparentemente de forma normal.
A 3 de Setembro seria a primeira reunião do novo Governo. Aí, Salazar já se apresentou pálido e cansado.
«Na manhã seguinte, o secretário da Presidência, Paulo Rodrigues, iria aperceber-se de que ele várias vezes tirava os óculos para passar a mão pela testa, a letra estava tremida. Ainda nesse dia começou a queixar-se de fortes dores de cabeça. Foi então que D. Maria lhe desobedeceu e chamou Eduardo Coelho [médico pessoal de Salazar].»
Depois foi o processo de degradação do seu estado de saúde e o natural afastamento do já longo exercício do poder.
Os novos ministros, no entanto, puderam prosseguir no seu lugar - foram muito poucos aqueles que Marcelo Caetano trocou quando tomou posse a 27 de Setembro de 1968.
A evolução na continuidade.
A tomada de posse do Prof. Marcelo Caetano já atraiu a comunicação social |
Nesse mesmo dia 19 de Agosto de 1968, longe do Palácio de Belém, a LUAR tentou pôr em prática um plano de ocupação da cidade da Covilhã - a "operação Matias" - para chamar a atenção para a situação portuguesa.
Comunicado da LUAR, Agosto de 1968 |
A operação era ambiciosa: militantes armados deviam dominar o posto emissor, cortar as comunicações, neutralizar os postos da PSP e da GNR e assaltar os bancos para conseguir fundos.
Uma operação de trânsito de rotina da PSP deitou tudo a perder, ao mandar parar as viaturas, apreender as armas e prender os cerca de 25 operacionais da referida organização política, incluindo o seu líder (Hermínio da Palma Inácio).
Sobre isso, como é óbvio, o silêncio forçado da comunicação social.
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