A Baixa ressuscitou das cinzas, literalmente, e reconquistou a centralidade.
São assinaláveis as diferenças, mas não deixa de haver sinais de outras preocupações.
Lisboa é uma cidade que está na moda. O turismo tem sido uma galinha dos ovos de ouro.
Mas caminhar na Baixa não significa, apenas, andar no meio de magotes de turistas, é, também, ter de circundar as vedações e telas das obras de inúmeros imóveis, é ver os imóveis recuperados serem ocupados massivamente por hotéis e hostels, é constatar o desaparecimento das lojas "indígenas" substituídas pelas de marcas multinacionais que copiam as existentes em n cidades europeias tudo uniformizando, é circular por entre montes de lixo acumulados (mesmo próximo de esplanadas - e chamar esplanadas a algumas espeluncas no meio da rua é favor!), é passar por recantos onde o cheiro a mijo enoja, é ter paciência para os desregramentos viários dos tuk tuk...
Nestas condições, o que poderá atrair tantos turistas que não seja o andar em rebanho a ver os outros e sentirem-se todos irmanados?
E alguns adaptam-se tão bem que contribuem igualmente para o lixo público - é ver alguns comportamentos nos comboios da linha de Cascais (estes também com falta de cuidados a nível da higiene por parte da CP).
A lógica, para os proprietários de imóveis e dos espaços de comes & bebes, parece ser a de espremer a galinha. Ganhar muito e rapidamente antes que a moda passe e os turistas sigam para outros destinos que, entretanto, se possam tornar mais atraentes.
A cidade tem
Podendo ser chamado de "Velho do Restelo", vejo uma cidade cujo núcleo central vai perdendo identidade (patrimonial/cultural e social). E os turistas, se motivam as mudanças, não são os principais responsáveis.
A Baixa de Lisboa resistiu ao incêndio, espero que resista a todo o tipo de oportunismos e de especulações financeiras e à deficiente resposta de serviços públicos (porque quando as pessoas são porcas, é preciso redobrar a acção).
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