Em Portugal, para assegurar a substituição de gerações, cada mulher em idade fértil deveria ter em média 2,1 filhos.
Segundo os últimos dados, 2011 foi o ano com menos nascimentos em Portugal desde que existem registos.
Já há uns anos, este Presidente da República perguntava por que razão não nasciam mais crianças no nosso país. E continua a manifestar a sua preocupação com a situação da natalidade e fecundidade. Cavaco Silva esteve numa conferência dedicada ao tema da natalidade, na passada sexta-feira, no âmbito de um roteiro sobre o futuro.
Porque não sobe a taxa de natalidade? Porque não aumenta a população? Por que não se fazem mais meninos(as)? A acreditar nas últimas sondagens sobre a performance sexual dos portugueses (pelo menos na “quantidade”), não é por aí que encontramos as respostas.
Como o Chefe de Estado não legisla – será que tornaria obrigatória a maternidade/paternidade? – mas compete-lhe “apontar caminhos, promover a reflexão estratégica, abrir janelas ao diálogo e pensar no país a longo prazo”, Cavaco Silva quer provocar também um efeito prático imediato, defendendo que haja mais investigação cientifica sobre fertilidade, fecundidade e natalidade, que para ele são um mistério.
Quando os cortes também atingem a investigação científica, nomeadamente na área das ciências sociais, nem será preciso grande ciência para explicar que, em tempo de empregos precários e de desemprego, com fortes limitações financeiras e sem perspectivas positivas de futuro a curto/médio prazo, é natural que as pessoas pensem três vezes antes de terem filhos.
Se a ele mal lhe chegam as pensões de que aufere para pagar as contas, que imagine o que isso não custará a quem recebe 10/15/20 vezes menos.
Cavaco Silva está preocupado porque, se há menos gente a nascer, há cada vez menos gente a pagar impostos. Se a base contributiva diminui, como diz o Presidente, “tudo o resto tem de ser repensado.”
Terras de Alfândega da Fé |
A presidente da câmara de Alfândega da Fé, concelho que regista a mais baixa taxa de natalidade do país, considera que esta evidência espelha a situação de todo o interior, onde as pessoas têm de continuar a emigrar, principalmente os jovens, porque têm de procurar um futuro. É natural que se preocupe, tal como outros autarcas, mas a forma como se tem processado, desde há anos, a política de cortes nos serviços prestados nas regiões do interior não revela que exista ou tenha existido da parte dos governos centrais (incluindo os do actual Presidente da República) qualquer preocupação com a situação. Lisboa é Lisboa, o resto é paisagem. Nesta altura só interessa que se pague a dívida. Em função desse objectivo, não importa o que pode acontecer ao país. Depois virá aí um milagre de regeneração espontânea, teremos todos muitos meninos e seremos muito felizes.
Bem pode ir agora o Presidente clamar para o deserto em que se estão a transformar algumas zonas do interior.
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