Acontece que, na madrugada de 3 para 4 de Outubro, tiveram início as acções armadas que levaram ao fim da monarquia.
Às 18 horas do dia 4, o Palácio das Necessidades foi bombardeado, a partir do Tejo, pelo cruzador Adamastor e D. Manuel II, não tendo a sua segurança garantida, partiu para o Palácio de Mafra.
Na manhã do dia 5, tendo conhecimento da situação vivida em Lisboa, as rainhas D. Maria Pia e D. Amélia saíram de Sintra, onde se encontravam, e dirigiram-se, também, para Mafra.
No Palácio de Mafra fizeram a sua última refeição em Portugal. Terá sido após o almoço que tiveram conhecimento da proclamação da República, em Lisboa. Emissários informaram que D. Afonso, irmão de D. Carlos I e tio, portanto, de D. Manuel II, se encontrava ao largo da Ericeira, no iate Amélia, em que saíra de Cascais. A família real devia embarcar rapidamente para não ser surpreendida pelos revoltosos.
Da Ericeira partiram para Gibraltar e, daí, para os seus exílios.
«As reais pessoas foram da praia para o iate em barcos de pescadores - aquele em que embarcou o rei chamava-se Bom-Fim, as rainhas foram na Navegadora. Eram barcas sardinheiras, mal-cheirosas para régias narinas. Eram 4 horas da tarde.» (Joaquim Romero Magalhães)
Pego na história da fuga da família real, porque ontem, no fb, o (ex-)Embaixador Francisco Seixas da Costa publicou o menu do jantar de inauguração do Palace Hotel de Vidago, onde o rei não chegou a ir e o jantar não se viria a realizar, e Tomaz de Mello Breyner, bisneto do médico da família real, acrescentou o menu do almoço da família real em Mafra - um almoço que não estava programado, cozinhado nos aposentos do Dr. Thomaz de Mello Breyner, no Paço de Mafra.
O menu do almoço tem, à margem, a anotação do médico:
«Última refeição, por sinal bem amargurada, que El Rei Dom
Manuel II, sua mãe e sua avó paterna comeram em terra Portuguesa.»
Menu do último almoço de D. Manuel II em Portugal
Os dois documentos originais pertencem a quem os publicou ontem.
Eu republico por curiosidade.
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Foram feitas correcções à 1.ª edição do texto, parágrafos 4 a 6, três horas depois da sua edição.
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