"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Meddle

Editado a 31 de Outubro de 1971, ano de uma colheita fabulosa!

Um bom conjunto de canções no lado A, que abre com uma forte linha de dois baixos (Waters reforçado com Gilmour) e segue com Nick Mason a cantar (cantar?), passa por uma acústica e suave Pillow of wind - A cloud of eiderdown draws around me / Softening the sound - pelo empolgante You'll never walk alone dos adeptos do Liverpool, por uma jazzy pianística e divertida San Tropez e pela vocalização muito bluesy de Seamus, um cão com excelente ouvido. 

O lado B é cristal, uma longa viagem (experiência) sonora, um diálogo musical entre Rick Wright e David Gilmour (incluindo as vozes) - Echoes. Irrepetível! 

A abertura do disco - One of these days

Escusado dizer que gosto muito de Meddle


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Grace Slick chegou aos 85!...


Era difícil de prever, com o estilo de vida que levou! Mas o Mick Jagger também anda por aí e recomenda-se...

Fala-se da sua voz como uma das grandes vozes femininas do rock, da "cena psicadélica" de S. Francisco - geração do power flower.
Não conhecendo muito da sua carreira musical e sem desmerecer a voz, penso que lhe era dada maior atenção pela sua beleza física - pelo seu sex appeal - do que propriamente pelas suas interpretações, salvo meia dúzia de sucessos. 

Vocalista de bandas como os Jefferson Airplane, Jefferson Starship ou Starship sem Jefferson, numa carreira que se prolongou por um quarto de século, quando se fala nos seus êxitos musicais vêm sempre à baila o álbum Surrealistic Pillow (1967) e as canções White Rabbit e Somebody to love, integrantes desse disco dos Jefferson Airplane.

Conheci-a (musicalmente falando) no filme do Festival de Woodstock, cantando... essas duas canções. 



domingo, 27 de outubro de 2024

Here comes the Sun



Uma manifestação justa

 

Ouvi na televisão intervenções de participantes/organizadores (?) da manifestação convocada pelo movimento Vida Justa.
Foram de grande assertividade, mas também de um grande bom senso e moderação, tocando nos pontos certos: as condições de vida das populações dos bairros periféricos, as formas de actuação das forças de segurança, a justiça que se pretende para o caso da morte de Odair Moniz.

A sensatez começou logo pela mudança feita pelos organizadores no percurso inicialmente previsto para a sua marcha, prevenindo eventuais confrontos com manifestantes do contra-protesto organizado pelo Chega, alegadamente em defesa da Polícia.
Quando as entidades oficiais nada obstaram a que duas manifestações "rivais" pudessem desaguar no mesmo local... 

Entretanto, assinei, como mais de 110 mil pessoas (até ao momento), a petição que defende, junto do Ministério Público, a abertura de inquérito criminal, por instigação e apologia à prática de crime, incitamento à desobediência colectiva e ofensa à memória de pessoa falecida, contra André Ventura, Pedro Pinto e Ricardo Reis. 

Também acho bem a investigação e a sanção dos crimes de destruição do património, público ou privado, ou do exercício de violência sobre outras pessoas.


sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Crime of the century - 50 anos da edição

Meio século...

Do tempo da Música... 

Um clássico do pop/rock progressivo, com um som limpo, que colocou os Supertramp noutro patamar (mais acima, não abaixo...).

School - o tema de abertura do disco
Impossível de esquecer... para quem, naquela época pós 25 de Abril, andava na School (Liceu).


quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Cidadania revista e aumentada


Exemplo de noções de cidadania que deverão ser consideradas na revisão da disciplina de Cidadania.


Ele não sabe o que é ironia


«"Síndrome comportamental com caraterísticas de um distúrbio de desenvolvimento” é a definição mais usual e comummente conhecida para esta perturbação [do espectro do autismo]. Caracteriza-se essencialmente por desvios qualitativos em três áreas essenciais: comunicação, interação social e uso da imaginação com reflexos no comportamento. 

A tríade caraterística apresenta, ao nível da comunicação, dificuldades em “utilizar com sentido todos os aspetos da comunicação verbal e não-verbal. Isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal”. No que diz respeito à interação, há constantemente “dificuldade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções e a dificuldade na discriminação entre diferentes pessoas”. A imaginação (...) é caraterizada pela sua “rigidez e inflexibilidade”.»

Copiei esta passagem de um estudo científico sobre o Espectro do autismo numa situação específica de ensino, porque acho que se aplica por inteiro ao senhor deputado e aos seus apaniguados.

O Ministro da Agricultura aconselharia a que bebesse mais verde tinto - penso eu de que...


segunda-feira, 21 de outubro de 2024

As marradas ideológicas à disciplina de Cidadania

Anunciou Luís Montenegro (LM), no Congresso do PSD, que uma das próximas prioridades do seu Governo é libertar "das amarras a projectos ideológicos e de facção" a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.

Feliz o país cujo maior problema na área da educação seja o conteúdo curricular de uma disciplina cuja carga horária é de uma hora semanal do 5.º ao 9.º ano do Ensino Básico, para além de abordagens temáticas feitas no 1.º ciclo. 

LM quer essa disciplina sem "amarras ideológicas". LM quer uma Cidadania neutra - asséptica, de natureza incolor, inodora e insípida. 

Porque LM é asséptico, incolor, inodoro e insípido.

E umas largas dezenas/centenas (?) de "borregos" exultaram, bateram palmas - das mais expressivas no Congresso - não que façam ideia dos temas abordados na disciplina de Cidadania e dos seus possíveis desenvolvimentos, mas, certamente, porque estão de acordo que o exercício da Cidadania e a sua aprendizagem é neutra, é asséptica, incolor, inodora e insípida - sem marcas ideológicas.

A ideologia é que é o diacho!...

E em que se deve basear a "nova" disciplina de Cidadania? Na Constituição da República - o objectivo é "reforçar o cultivo dos valores constitucionais".

Será que, a seu ver, a Constituição não tem amarras ideológicas? É neutra? Uma Constituição asséptica, incolor, inodora e insípida? A actual Constituição é igual à do Estado Novo? Não exprime valores e princípios, uma visão da sociedade e uma formulação do Estado que se pretende construído e a construir? 

Quando, no preâmbulo de 76, A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno, não há marcas ideológicas?

A Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (ENEC), sustenta que a disciplina “integra um conjunto de direitos e deveres que devem estar presentes na formação cidadã das crianças e dos jovens portugueses”. Objectivo? Que sejam, no futuro, “adultos e adultas com uma conduta cívica que privilegie a igualdade nas relações interpessoais, a integração da diferença, o respeito pelos direitos humanos e a valorização de conceitos e valores de cidadania democrática”.

A concepção da disciplina de Cidadania tem na sua base a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Convenção Sobre os Direitos da Criança e os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas, e... a Constituição da República. 

São estes documentos que consubstanciam projetos ideológicos de facção? Quais serão, em alternativa, aqueles que se oferecem para base da revisão da disciplina?

Como bem diz Filinto Lima, o representante dos directores escolares, em frase reproduzida no título de um artigo do Público, “A disciplina de Cidadania não é um problema das escolas. É um problema dos políticos”.

As prioridades apresentadas por LM no Congresso pretendem, em parte, "secar" algumas propostas do Chega, entre elas o "corte das amarras ideológicas" da disciplina de Cidadania. Nessa estratégia, as orientações de Cidadania "vão com os porcos". Poucas pessoas as conhecerão, mas a ignorância não impede que se aplauda a apregoada limpeza ideológica - se é ideologia cheira a "esquerdame" perigoso! A direita está livre dessas sombras: é ideologicamente asseada - asséptica, de natureza incolor, inodora e insípida. 

Os que propõem e aplaudem nem reflectirão sobre a impossibilidade da neutralidade dos princípios e dos valores no exercício da Cidadania.

Repito: a Cidadania não pode ser asséptica, incolor, inodora e insípida, sem marcas ideológicas. Os valores e os princípios da Cidadania como o Chega os defende, não são os de uma sociedade livre e democrática, respeitadora dos Direitos Humanos. Não são os meus valores e não são os que estão definidos na nossa lei fundamental. 

Se Montenegro quiser, de facto, que a disciplina assente na Constituição, não quebrará amarras nenhumas, porque não terá de alterar nada de significativo. 

Aos valores e princípios da Constituição República sinto-me completamente amarrado. 

Quem não está... que vá amarrar para outro lado!...


sábado, 19 de outubro de 2024

Tubitek Lisboa - 4.º aniversário

 

A discoteca onde procuro aquilo que quero encontrar (nem que venha do Japão!...).

Parabéns! 
E muitos anos de vida (para quem não é do digital continuar a comprar o que na música é material)...


sexta-feira, 18 de outubro de 2024

João Luís Barreto Guimarães - mais um!

Prémio!
Para o médico que põe Vermeer/Delft nas suas capas de poesia.

 

Coincidindo com a edição de Claridade.

«Quem vai do Porto para Leça ao
longo da auto-estrada (divisando os
navios lá no Porto de Leixões)
no fim da ponte à direita vira
para o centro hípico
(serpenteando a avenida tendo
por bombordo o cais)
adiante vê o forte da Senhora das Neves
alguns cem metros à frente começa
a marginal. Daí já se vê o farol para lá
dos prédios brancos
não é difícil ter lugar para estacionar.
Toca no sexto direito. Estou
sempre por aqui. Ou então
não venhas hoje.
Faz como te apetecer.»


quinta-feira, 17 de outubro de 2024

António Ramos Rosa - centenário do nascimento

«Ele queria desaprender a lógica implacável
do seu discurso
Por mais que quisesse a sua mente era um tumulto 
de relações de imagens e de ideias
Poderá ele alcançar a simplicidade elementar
e viver ao nível da existência em cada acto necessário
sem querer envolver-se nas múltiplas motivações
nem determinar o que em si é confuso e obscuro?
Talvez ele consiga viver num espaço transparente
para além da confusão
e respirar o que está para além das palavras e dos gritos
o silêncio das subtilezas vivas das evidências simples
Se o conseguisse poderia estar no mundo iluminado pelo mundo
e sobre o seu solo sentiria a solidez da sua identidade»

António Ramos Rosa nasceu a 17 de Outubro de 1924.


segunda-feira, 7 de outubro de 2024

António Borges Coelho - 96 anos

«Do saco sem fundo das palavras retirei Amizade e Esperança. 

A Amizade vive do idêntico e do contrário, sustenta a claridade dos dias. A qualquer momento, perto ou longe, liga a memória e os afetos. Povoa a solidão. Fortalece. Suspensos pelos laços conseguimos saltar sobre o fundo dos abismos.»

António Borges Coelho, Crónicas e Discursos (2024)


No dia do seu 96.º aniversário, parabéns ao cidadão, ao professor, ao ser humano.


7 de Outubro - 1 ano

Um ano passado sobre o ignóbil acto de terrorismo do Hamas.

Um ano de guerra (a juntar à "guerra quotidiana" de muitos anos), pela vingança oportunista do Governo de Israel.

Um ano de hipocrisia extrema do mundo ocidental (a juntar aos muitos anos de complacência para com Israel).


domingo, 6 de outubro de 2024

King Crimson - Red (50 anos)

Este é de hoje, quer dizer, é de há 50 anos!

Red, disco fantástico (com alguns momentos... pesados)! O último álbum de estúdio dos King Crimson na década de 1970. 

Em 24 de Setembro de 1974, Robert Fripp tinha anunciado o fim da actividade dos KC.

A quantidade de vezes que eu o ouvi, no estudo para os exames do (antigo) 7.º ano, a partir de uma cassette.

No outro lado - as cassettes tinham 2 lados! Como os vinis - estava gravado Godbluff, dos Van der Graaf Generator. Chegava ao fim de um lado... virava e ouvia o outro!


Starless

"Oficialmente" um trio quanto à sua formação - um power-trio! -, mas os guests são fundamentais na interpretação das músicas, como Mel Collins, no saxofone, e David Cross (que abandonara o grupo por tricas triviais nos grupos), no violino.

Se as tricas separam, Starless junta. Robert Fripp e David Cross voltariam ao tema, mais de 20 anos depois, com variações que o transformaram e aumentaram, com o recurso ao violino e a "paisagens sonoras" habituais em Fripp, valorizando aquele que foi o ponto de partida. É pesquisarem...


Fairport Convention - Nine (+ o 8 e + o 10)

A 5 de Outubro de 1973 (conversa iniciada no post anterior), o número 9 dos Fairport Convention, naquela que era a 9.ª formação do grupo desde 1968. Mas era a mesma do disco anterior, coisa rara!

Com as constantes mudanças na sua constituição, Nine não conta com nenhum dos elementos fundadores dos Fairport Convention e Sandy Denny estava "fora".

O disco anterior, Rosie, com a qualidade de execução que os Fairport sempre asseguram, não tem qualquer rasgo especial de criatividade. 

Nine tem um cheirinho mais rock e country (este dado pela "slide guitar" de J. Donahue).

Fica aqui uma faixa de origem tradicional, a raiz de muitas músicas do grupo, trabalhada pelos FC.

The Hexhamshire Lass

Depois... o melhor mesmo é ouvir o 10.º: Fairport Live Convention, com a regressada Sandy Denny a juntar-se aos 5 elementos da formação, com canções gravadas ao vivo em vários locais, incluindo a Sidney Opera House, entre Dezembro de 1973 e Janeiro de 1974.

Embora seja um disco com gravações ao vivo, várias das faixas são temas inéditos. E quem comprar uma das últimas edições em CD ganha o bónus de 5 canções.


Genesis - Selling England by the Pound

Associo sempre o 5 de Outubro à História, à República (bem mais do que a Zamora). Até o Dia do Professor me parece deslocado!...

Mas o 5 de Outubro de 1973 foi musicalmente especial, embora só mais tarde o tenha descoberto. Nesse tempo as novidades, mesmo as musicais, chegavam a Portugal com uma décalage. E eu também não estava capaz de o reconhecer à época.

Nesse dia foram editados dois discos, um com mais realce no chamado rock progressivo, uma peça importante no género, o outro não tanto no novo folk britânico, embora ainda hoje se oiça com agrado, pelo menos, para quem gosta do género:

Genesis - Selling England by the Pound e Fairport Convention - Nine

Sobre o mais relevante... 

                    

Firth Of Fifth
com algumas das passagens instrumentais "altivamente belas" do disco

Em Portugal, deu-se uma "estranha" e muito rara edição do disco, pela "Pérgola/Universal/Círculo de Leitores", ainda em 1973.
Na capa dessa edição (que parece uma coisa assim... pirata), muito à época, o destaque vai para Phil Collins, premonição do que seria o futuro dos Genesis.



A faixa I know what I like, a mais passada na rádio, foi a que me deu a conhecer os Genesis. Mas igualmente o instrumental After the Ordeal. Os seus 4 minutos e picos de duração também se adaptavam melhor ao tempo standart da transmissão radiofónica. 

Em Maio de 1974, vivia o país na ressaca do 25 de Abril, Selling England by the Pound estava no 4.º lugar dos LPs mais vendidos na cidade de Lisboa (informação do jornal Musicalíssimo). 


Benfica (des)aparecida


Benfica que eu já nem sequer conheci...


sábado, 5 de outubro de 2024

5 de Outubro de 1910 - à volta de dois menus para D. Manuel II

No dia 5 de Outubro de 1910, o rei D. Manuel II de Portugal deveria ter-se deslocado a Vidago, a fim de estar presente no jantar da inauguração do Palace Hotel, propriedade do seu Primeiro-Ministro, Teixeira de Sousa.

Acontece que, na madrugada de 3 para 4 de Outubro, tiveram início as acções armadas que levaram ao fim da monarquia.
Às 18 horas do dia 4, o Palácio das Necessidades foi bombardeado, a partir do Tejo, pelo cruzador Adamastor e D. Manuel II, não tendo a sua segurança garantida, partiu para o Palácio de Mafra.

Na manhã do dia 5, tendo conhecimento da situação vivida em Lisboa, as rainhas D. Maria Pia e D. Amélia saíram de Sintra, onde se encontravam, e dirigiram-se, também, para Mafra.

No Palácio de Mafra fizeram a sua última refeição em Portugal. Terá sido após o almoço que tiveram conhecimento da proclamação da República, em Lisboa. Emissários informaram que D. Afonso, irmão de D. Carlos I e tio, portanto, de D. Manuel II, se encontrava ao largo da Ericeira, no iate Amélia, em que saíra de Cascais. A família real devia embarcar rapidamente para não ser surpreendida pelos revoltosos. 
Da Ericeira partiram para Gibraltar e, daí, para os seus exílios.

«As reais pessoas foram da praia para o iate em barcos de pescadores - aquele em que embarcou o rei chamava-se Bom-Fim, as rainhas foram na Navegadora. Eram barcas sardinheiras, mal-cheirosas para régias narinas. Eram 4 horas da tarde.» (Joaquim Romero Magalhães)



Pego na história da fuga da família real, porque ontem, no fb, o (ex-)Embaixador Francisco Seixas da Costa publicou o menu do jantar de inauguração do Palace Hotel de Vidago, onde o rei não chegou a ir e o jantar não se viria a realizar, e Tomaz de Mello Breyner, bisneto do médico da família real, acrescentou o menu do almoço da família real em Mafra - um almoço que não estava programado, cozinhado nos aposentos do Dr. Thomaz de Mello Breyner, no Paço de Mafra.

O menu do almoço tem, à margem, a anotação do médico:
«Última refeição, por sinal bem amargurada, que El Rei Dom Manuel II, sua mãe e sua avó paterna comeram em terra Portuguesa.»


Menu previsto para o jantar de inauguração
do Palace Hotel de Vidago


Menu do último almoço de D. Manuel II em Portugal

Os dois documentos originais pertencem a quem os publicou ontem. 
Eu republico por curiosidade. 

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Foram feitas correcções à 1.ª edição do texto, parágrafos 4 a 6, três horas depois da sua edição.


Evidências da islamização (milenar) de Portugal


 

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Proposta de novos percursos por Lisboa

Considerando o incremento do turismo na cidade de Lisboa, penso que seria interessante diversificar os percursos que se fazem pela cidade, acrescentando, pelo menos, três novos roteiros, com os dois últimos a serem realizados a pé:

1 - O roteiro dos hotéis, dos hostels e dos Alojamentos Locais. Poderia ser distinguido mais do que um nível de percurso: o de categoria superior, por exemplo, com custo mais elevado, incluiria hotéis de categoria mais elevada, com visita às suites e com oferta de uma bebida no bar do hotel.
Este roteiro poderia desenvolver, inclusive, o contacto entre turistas de diferentes origens.

2 - O roteiro do lixo acumulado. Seguindo a pegada (lixarada) de outros turistas, ou mesmo de alguns nativos - haja criatividade! -, seria possível desenvolver um conjunto de actividades com interesse sociológico e ambiental (os diferentes tipos de lixo, os mais frequentes, a sua diferente distribuição geográfica, "Diz-me que lixo encontras, dir-te-ei onde andas", etc.). 



3 - O roteiro do cheiro a mijo. Esta última proposta poderá ter o inconveniente de se aproximar do percurso anterior, para além de ser ainda mais agressivo para os possuidores de membranas pituitárias mais sensíveis. Talvez a utilização de cães-guias pudesse animar este percurso, patrocinado pelas melhores cervejarias e pelos bares mais distintos.


A Câmara Municipal, pela sua responsabilidade enquanto entidade criadora das condições para a existência destes percursos, deverá comparticipar na sua promoção e continuar a promover todas as acções tendentes ao seu funcionamento (nomeadamente, protelar a recolha do lixo e não lavar as ruas). 

Temos de manter as tradições e zelar pelo património: os alojamentos, o lixo e o mijo são nossos! Devem estar ao serviço da economia.



P.S. - O Porto também pode ir pensando no mesmo!...


terça-feira, 1 de outubro de 2024

Que grande rebaldaria / E a Palestina às escuras


No meio dos escombros da sua casa, Abu Omar, de 70 anos, fuma cachimbo e ouve música do gira-discos, em Aleppo, na Síria, a 9 de Março de 2017, após o bombardeamento do seu bairro.  

Foi na Síria, um episódio mais dos permanentes conflitos do Médio Oriente. Podia ser hoje, no Líbano, em Gaza, na Cisjordânia, onde a loucura de Benjamin Netanyahu continua a atear fogos. 

A uma semana de se assinalar um ano dos ataques do Hamas, os reféns já cumpriram o seu papel, já foram úteis aos planos de Netanyahu.

Está difícil ouvir música!...


Shalom Palestina

«Que grande rebaldaria / E a Palestina às escuras» - versos da canção Nefretite não tinha papeira (do LP Venham Mais Cinco, de José Afonso, 1973)

Última quadra da mesma canção (já que estou com a mão na massa):

Os Sheikes israelitas
Já que estou com a mão na massa 
Lembram-me os Sheikes das fitas
Que dão porrada a quem passa


Dia da Música

Com as compras de ontem, antecipei em 24 horas o Dia da Música.

Fica o registo de outro achado de há pouco tempo...

Há muito que lamentava a ausência, na minha discoteca caseira, de Em Busca das Montanhas Azuis. Deixei de ter razões para esse lamento!

Treze anos depois da edição do último disco de originais de Fausto, posso apreciar um tesouro esquecido da música portuguesa, do qual poucas faixas conhecia. 

A rádio pública, com as suas playlists, passa sempre as mesmas músicas, excepção feita a três ou quatro programas, geralmente semanais (de David Ferreira ou João Carlos Calixto, muito poucos mais).

Não dou conta que a televisão pública dê qualquer atenção à música, mas também é verdade que vejo pouca televisão.


Lamento a ausência da reedição discográfica da obra de Fausto (Bordalo Dias ou só Fausto), calculando, pela experiência de outros artistas portugueses, que haja múltiplos problemas de direitos e de sumiço das gravações originais. Luso-emaranhados!

Exemplar é a gestão dos arquivos de artistas como Joni Mitchell, Neil Young, King Crimson ou, com uma carreira tristemente mais curta, Sandy Denny.

Pode-se falar de comercialismo, de oportunismo, da exploração da galinha dos ovos de ouro, mas há edição de arquivos e os fãs - a quem essas edições especialmente se destinam -, mais dólar menos dólar, mais libra menos libra, para nós cambiados em euros, têm acesso a eles.

Mesmo que fique com uma dúzia de versões de Both Sides Now e de Who Knows Where the Time Goes ou 20 variantes de 21st Century Schizoid Man!



Recordar Fausto: E fomos pela água do rio