«O problema maior dos professores é o mesmo que sinto agora, quando vos falo. Sei que tenho a obrigação de dizer palavras de futuro, e não as encontro. Não sei onde é que estão. Não sei para onde foram. É assim também com os professores. Porque educar é abrir caminhos. É viver no presente mas para além das fronteiras do presente. Por isso, é nosso dever, é nossa obrigação, ir à procura da esperança, de uma esperança que é mudança. E se não a encontrarmos à primeira, então que façamos dela luta, resistência, união em torno de causas maiores que recusem as políticas menores que nos asfixiam. (...) É tempo de dizer não!
Não à degradação da escola pública. Não à menorização dos professores. Não a um país sem futuro. "Perdoai-lhes Senhor, porque eles sabem o que fazem!"
(...)
Reforçar a escola pública é criar capacidade para produzir cultura, para produzir investigação científica e tecnológica própria, para diminuir a nossa dependência. Num país com tão grandes fragilidades, o nosso principal cimento é a escola, a escola pública, a escola pública para todos.
(...)
Podemos prescindir de tudo, mas de nada quanto à valorização da escola e dos professores... porque é aqui que estão as condições para um Portugal futuro que não seja apenas a repetição do Portugal passado. É por isso que temos de ser impacientes.
Não há nada mais urgente do que a ideia de futuro, do que uma visão de longo prazo.Porque é ela que nos permite dar o primeiro passo. E nele vai já o caminho todo, toda a energia do percurso que temos de fazer.»
Perdoai-me, senhores, por alguma (involuntária) infidelidade textual ao discurso.
À ideia estará reconhecidamente fiel.
«(...)
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão"
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem»
Sophia de Mello Breyner, As pessoas sensíveis, in Livro Sexto
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