«Penso que existe uma hipervalorização [do futebol] no espaço público, mas sociologicamente é muito interessante porque o futebol é um fenómeno de substituição da experiência religiosa - as sociedades precisam de ritos. Se vivemos uma desritualização da sociedade nos ritmos habituais de vida, também são precisos ritos para organizar a nossa consciência do mundo e encontramos essas novas ritualidades, sem dúvida, no futebol, que representa um rito dominical para milhares de pessoas.»
Tolentino de Mendonça, entrevista ao DN, 24 de Setembro de 2017
«O futebol é uma das poucas linguagens universais e identitárias que restam às nossas sociedades ocidentais, e que consegue o que a outras dimensões, que sabemos bem mais vitais, se considera difícil, se não impossível: uma transversalidade social e política a toda a linha, uma capacidade de desencadear persistentemente formas de adesão e emoção num quadro intergeracional, a possibilidade que dá a qualquer adepto, muitas vezes afásico ou lacónico em relação a tudo o resto, de emergir como um extravagante homo loquens. Émile Durkheim dizia que “uma religião só pode ser substituída por outra religião”. Não é, por isso, de estranhar a recuperação da gramática religiosa e litúrgica que o futebol faz.»
Tolentino de Mendonça, Expresso, 30 de Maio de 2015
Em pleno Campeonato do Mundo, dia de "S. Tolentino"...
Para compreender por que razão só se respira futebol na TV.
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