Escrevo-vos de Lisboa liberta da tirania. Aqui cheguei (...) depois de ter ajudado a derrotar as forças inimigas à beira do Tejo que revejo após quatro anos e meio de ausência. Fomos recebidos com cortejos e aclamações, muitas bandeiras azuis e brancas, as cores da liberdade, e gente que nos cantava hinos de alegria, com perpétuas ao peito, fitas nos chapéus e flâmulas colgadas nas janelas. Houve excessos reprováveis, que a guerra está longe do fim e a lembrança do muito sangue que correu adubou os ressentimentos e os ódios. (...) Há ano e meio que deixei Paris, que calei a esperança de vos ver, de vos estreitar nos braços. Agora, que a liberdade está ao alcance de um derradeiro esforço, todas as grilhetas que me tinham prisioneiro do mundo velho eu as despedaço, com o vigor redobrado da minha razão e com todas as fibras do meu coração que, livre também, pulsa por vós.»
Álvaro Guerra, A guerra civil
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