Após a visita à exposição sobre Cottinelli Telmo, ao pegar n'O irreal quotidiano, de José Gomes Ferreira (1971), leio a passagem
«Aqui, há quarenta anos, numa manhã de sol aberto, acampei com o operador cinematográfico Bobone, para filmarmos os planos iniciais de A Canção de Lisboa. O Cottinelli acordou aborrecido e, a mastigar sono, perguntou-me: "queres ir tu?".
Aceitei e lá fui por essas ruas, muito feliz daquele escândalo brando de andar a exibir-me com camisolas de cineasta, máquinas e reflectores...»
Penso "O que é que o José Gomes Ferreira tem a ver com o filme?"
José Gomes Ferreira |
«Foi nessa época (...) que o Eduardo Chianca de Garcia (...) se entregou à tarefa de criar a Tóbis Portuguesa com outros comparsas entusiásticos. E assim se iniciou o período dos filmes falados portugueses, com A Canção de Lisboa de que o Cottinelli Telmo foi a alma viva e ainda hoje faz rir até às lágrimas do fundo dos olhos, pelo que existe de lisboeta à René Clair (a célebre "cegada", por exemplo) autêntico clássico do nosso cinema notavelmente interpretado por António Silva, Vasco Santana e a querida Beatriz Costa. Para mim é uma honra especial lembrar-me de que assisti, como representante do Telmo, à montagem de A Canção de Lisboa feita por uma francesinha gira. (Era o primeiro fonofilme - como nesse tempo se dizia na nossa língua - montado em Portugal. (...)»
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