"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 12 de outubro de 2014

Open House 2014 - por Lisboa...

Novamente as portas abertas, em 70 espaços nesta 3.ª edição na cidade de Lisboa.
A iniciativa tem por objectivo dar a conhecer espaços de valor arquitectónico e cultural.
Nalguns casos é uma oportunidade única, por serem património habitualmente inacessível ao público.
As visitas são, pelo menos, pretendem ser, guiadas. E aqui temos algumas "variações": os guias podem ser especialistas ou voluntários "mais ou menos" especialistas.

Não nego a boa vontade de quem está a colaborar com a iniciativa e dá o seu tempo, a sua disponibilidade. Mas se não há o conhecimento mínimo e a capacidade de comunicação e de gestão ou liderança de um grupo de visitantes, a visita guiada perde-se. Passa a haver um grupo de visitantes à solta pelos espaços. Valha-nos o facto desses visitantes serem, por norma, pessoas civilizadas, interessadas no património, e que só roubam... fotografias.


Foi o que aconteceu ontem, na visita ao Palácio do Marquês de Pombal (Rua de "O Século").
O palácio permanece num excelente estado de ruína. Qualquer dia a casa vem abaixo e, depois, vamos todos lamentar o prejuízo da perda de tamanho património.





A visita às vilas operárias (na zona da Graça) já foi bem diferente. O guia, com algumas inseguranças na contextualização histórica (aspectos sociais), conhecia bem os sítios que pisava e soube criar um bom ambiente entre os elementos do grupo, os quais também partilharam conhecimentos e experiências da sua vivência na zona.
A visita foi bastante enriquecedora e deixa-nos vontade de conhecer mais sobre este tipo de bairros ou alojamentos e as personalidades ligadas à sua criação.

Vila Sousa


Vila Rodrigues

Palácio dos Senhores da Trofa

Vila Sousa


A visita, hoje, ao Supremo Tribunal de Justiça foi extremamente bem orientada. Não havendo muito para ver, houve uma explicação esclarecedora da organização do funcionamento da justiça em Portugal. A exposição foi claríssima e fomos conduzidos a observar o que de mais interessante nos pode ser oferecido (porque há o que não podemos ver, claro).
Até o folheto (caderninho) preparado pelo STJ, com as informações essenciais sobre este órgão e as suas instalações, é exemplar.

Supremo Tribunal de Justiça - Salão Nobre
Em contraste com os ditos neo-liberais que nos desgovernam e que são de uma tacanhez cultural, ideológica e política confrangedora, não deixo de admirar os liberais que, no auge da guerra civil contra os absolutistas, já viam "para além de" e pensavam na estruturação do Estado liberal. O Supremo Tribunal de Justiça foi criado em Setembro de 1833, ainda não tinham passado dois meses da entrada dos liberais em Lisboa.
A lembrar-nos a sua origem liberal, o retrato do seu primeiro presidente, Silva Carvalho, a sala de sessões com o seu nome (a que visitámos), o retrato da rainha D. Maria II sobre a cadeira do Presidente no Salão Nobre e o medalhão com o retrato de Mouzinho da Silveira, o grande legislador liberal.

José Silva Carvalho

Mouzinho da Silveira

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