A iniciativa da sua construção fora de um francês, Trofimo Paillete, e de dois espanhóis, João Rose e Pedro Francaleza, em 1741. O custo (com forte investimento dos espanhóis) parece ter sido um balúrdio e a sociedade não correu bem: o francês enganou os sócios e pirou-se. Os contratos com a Corte, o principal consumidor (e o que justificará o título de Real Fábrica), nunca correram como esperado, a começar pela concessão do privilégio àqueles três sócios do exclusivo do fornecimento de neve à Corte e à cidade de Lisboa, e continuando com o contrato com Catarina Ricart (1750), senhora que desejava ter "casas de neve" em Lisboa, se propôs vender a neve por um preço mais baixo e ainda fazer a oferta diária de meia arroba ao Hospital de Todos os Santos (usada, nomeadamente, na conservação de medicamentos). Nunca os contratos foram cumpridos.
E pelo meio houve o terramoto.
Real Fábrica do Gelo (Serra de Montejunto) |
1782 marca o início de uma nova fase da fábrica de Montejunto, com a compra da fábrica e as obras de reedificação por Julião Pereira de Castro, neveiro da casa real.
Durante os meses de Setembro a Maio, preparava-se e armazenava-se o gelo que, de Maio a Setembro, se fazia chegar a Lisboa.
devidamente acondicionado no lombo dos burros ou dos muares, primeiro, de carro e bois, depois, até à vala do Carregado, de barco, finalmente, para a capital.
A mesma praça que assistiu a outros desembarques também era o cenário da chegada dos blocos de gelo.
Aí se localizava, desde 1778, a Casa da Neve ou Café da Neve - qual Casa da Índia da idade do gelo.
Lápide que assinala a compra e reedificação da fábrica por Julião Pereira de Castro |
Esquema do percurso da neve da Serra de Montejunto a Lisboa |
D. Antónia Manilla Pereira de Castro, mãe de Martinho Bartholomeu de Castro |
A fábrica cessou a sua actividade em 1885. Os avanços tecnológicos tornaram-na obsoleta.
Esquecida durante anos, as suas instalações foram limpas e recuperadas (na medida do possível) a partir de 1988 e, a 2 de Abril de 1996, a Real Fábrica do Gelo obteve a classificação de Monumento Nacional.
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