Esta terá sido uma forma de homenagear a cidade onde, há 200 anos, foi aprovada, nas chamadas Cortes de Cádis, a 1.ª Constituição liberal espanhola.
Nessas Cortes, realizadas na Igreja de S. Filipe Neri, tiveram ainda assento os representantes das colónias espanholas das Américas, territórios que hoje são países independentes e participantes na Cimeira.
Mas porquê Cortes em Cádis e numa igreja?
A Espanha era um país ocupado pelas tropas de Napoleão, no contexto da Guerra Peninsular.
Cádis, pela sua localização geográfica, era uma cidade cercada mas quase impossível de ocupar. E não estava isolada, porque conseguia ter acesso ao mar. Na cidade, os representantes às Cortes ocupavam refúgio para os seus trabalhos constituintes, fora do alcance da artilharia francesa.
Cádis era um símbolo da resistência espanhola, o seu próprio centro, ironicamente a defender os princípios liberais que os franceses sitiantes tinham proclamado uns anos antes.
«Mesmo depois de ano e meio atolados no monturo de vidas e de esperanças que é Cádis, cu da Europa e úlcera do Império, com o raio da Espanha rebelde reduzida a uma ilha inconquistável.»
Arturo Pérez-Reverte, O Assédio
O ambiente em que funcionavam as Cortes é descrito por Arturo Pérez-Reverte em O Assédio.
P.S. - Talvez volte a Cádis, a propósito do livro de Pérez-Reverte.
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