«Vista de um ponto alto Lisboa surgia como um labirinto. E havia muitos desses pontos altos (...). A partir deles tinha-se uma bela visão alargada e também a sensação inquietante de que milhares de olhos invisíveis podiam espiar-nos, de milhares de janelas; (...)
E era curioso ver, de um miradouro para outro, como as perspectivas dialogavam, se completavam ou aparentemente se contradiziam. Gostavas de empoleirar-te a desenhar nos pontos altos, traçando o diálogo entre uns e outros: entre o que se via por exemplo do miradouro da Graça ou da Senhora do Monte, olhar, a partir de cada um, para São Pedro de Alcântara, e vice-versa. Ou olhar, do Castelo, para a Senhora do Monte e a Graça, ou a partir de qualquer deles para o Castelo.
Uma cidade de linhas partidas, de perspectivas quebradas. Tudo era fragmentado em Lisboa, era preciso juntar pacientemente os pedaços para formar uma figura. Mas faltariam sempre alguns, encontravam-se a cada passo lacunas, interrupções, rupturas.»
Teolinda Gersão, A Cidade de Ulisses
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Senhora do Monte |
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Convento da Graça |
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Castelo de S. Jorge |
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Miradouro de S. Pedro de Alcântara (junto ao arvoredo) |
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