"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Maçonaria feminina está viva em Portugal, mas não sei se muito

Reparem nos motivos do serviço
Num trabalho no Público de 19 de Maio de 2007, São José Almeida falava da Maçonaria feminina. Maria Belo, que à data era a grã-mestra (ainda será?), afirmava que havia um crescendo de adesão. As “maçonas” (acho que se pode dizer mesmo assim) eram mais de 300, organizavam-se em grupos até 40 elementos, reuniam-se com uma periodicidade quinzenal desde há 25 anos e constituíam (constituem) a Grande Loja Feminina de Portugal.

Maria Belo, uma das fundadoras
da Grande Loja Feminina de
Portugal, de que é (ou foi) grã-mestra


Mas Maria Belo referia a difícil vida da Maçonaria feminina após o 25 de Abril.
Antes não era difícil, digo eu, porque, ao que julgo saber, a Maçonaria feminina desapareceu perto do final da 1.ª República para só reaparecer na década de 1980.

O que não deixa de me parecer estranho é como a actividade maçónica feminina, tendo sido relevante na caminhada para a República e durante os primeiros anos deste regime, não é digna de referência em vários livros de História, a começar pela História da Franco-Maçonaria em Portugal, de Borges Grainha (1913).
É curioso que este professor, republicano e maçon, foi educado num colégio de Jesuítas (como o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, que se apressou a referir essa sua formação jesuítica para afastar de si hipotéticas suspeitas de ligação com a Maçonaria).
Maçonaria parece ser, fundamentalmente, um assunto de homens (mesmo que com avental) e não tanto de saias.
E os homens querem mesmo as mulheres afastadas. Cada género reúne para seu lado. Nada de misturas.
Faz lembrar a questão feminina na 1.ª República. Muita influência maçónica, muito palavreado pelos direitos das mulheres e, quando se trata do direito de voto, passam pela vergonha de ter sido o regime do Estado Novo a conceder direito de voto às mulheres.

Por isso, Teresa, em relação à tua esperança na Maçonaria, apesar de algumas maçonas (ligadas ao PS, pelo menos) já terem passado pelos órgãos do poder*... segue o bom conselho que te dá o Chico Buarque: “Espere sentada...”

* Apercebi-me que há um bom número de sites dedicados à Maçonaria e a feminina não é esquecida.

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