O(s) mercado(s) funciona(m) para uma minoria...
E há quem ache que vivemos num regime socialista!
O(s) mercado(s) funciona(m) para uma minoria...
E há quem ache que vivemos num regime socialista!
As notícias de hoje fizeram-me lembrar...
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José Malhoa, A sesta dos ceifeiros |
Sobre educação, os maus resultados obtidos pelos alunos em estudos como o PISA ou nas Provas de Aferição (que no artigo nem são referidas), finalmente alguém que vai mais longe e mais fundo.
No Público de hoje, um artigo de Ana Soares:
Da paciência à superficialidade: Os resultados nas escolas e uma crise de valores
É o segundo artigo do Público para que remeto hoje - confirmo que tenho assinatura e por isso o leio.
Exemplos de como as televisões estão a ajudar o Ch a crescer.
Artigo de Bárbara Reis no Público de hoje
Exemplos daquilo em que se tornaram as televisões.
«A República republicana teve aqui a sua universidade. Os mestres davam lição como no liceu, peripatetizando. Quem do meu tempo e do Norte não ouviu e viu Guerra Junqueiro, altas horas, com as pontas do seu cache-call a flutuar, e a dizer ao vento da inspiração?
Já tive ensejo de declarar que foram eles os meus
mestres de verdade, e me varreram do espírito os miasmas da política ancestral
e das ideias fuliginosas professadas através de três dinastias.
Uma fatalidade bio-educacional levou-me para o
Sul, mas a doutrina que me aquecia a alma partiu daqui, desses que vingaram a
batalha perdida em 31 de Janeiro.»
Aquilino Ribeiro
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Monumento aos mortos da revolta republicana de 31de Janeiro de 1891, no cemitério do Prado do Repouso (Porto) |
Foi a última apresentação pública dos Beatles, depois de já terem deixado de dar concertos - o último foi em 29 de Agosto de 1966, no Candlestick Park em S. Francisco.
O Presidente da República, após iniciativa da Associação 25 de Abril, apresentou ao Governo a proposta de criação de uma medalha comemorativa da participação nas acções militares do dia 25 de abril de 1974, que traduzirá o apreço público e o reconhecimento dos que participaram nestes eventos e moldaram a História recente de Portugal.
Será o reconhecimento e a celebração daqueles que tiveram um papel activo no derrube da ditadura do Estado Novo, criando as condições para a existência de um regime democrático e de uma vivência digna em liberdade.
Phil Collins nasceu a 30 de Janeiro de 1951.
Recordo-o, sobretudo, como baterista dos Genesis. Um grande baterista!A trick of the tail - do álbum homónimo,
Fiquei com interesse em conhecer (quando tiver oportunidade), no bairro em que nasci e vivi muitos anos - ali, em frente à que era a minha casa.
A história está contada aqui, na Mensagem de Lisboa - e há histórias saborosas.
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Jornal Económico |
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Público |
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TSF |
Se o estudo continuasse no tempo e chegasse à realidade actual, encontraria o buraco negro da falta de professores a abrir-se cada vez mais.
O mais seguro é não escrever nada...
José Tolentino Mendonça
Os repórteres das televisões abandonaram as urgências dos hospitais e deslocaram-se para a Madeira.
Agora, desconhecemos os tempos de espera nas urgências, mas vamos sabendo o tempo que demora entre dizer que não e dizer que sim.
Lembrei-me disto, não sei porquê...
Melanie (só) ou Melanie Safka era uma cantora-compositora norte-americana da geração hippie (iniciou a produção discográfica em 1967-68), anti-guerra do Vietnam, participante em muitos dos festivais que então ocorriam, como o de Woodstock, onde, ainda pouco conhecida, foi uma das três cantoras a solo (juntamente com Joan Baez e Janis Joplin).
A sua produção discográfica até 1974-75 foi intensa, estendendo-se com edições originais até cerca de 2010, data da morte do seu marido e produtor. Mas os seus grandes sucessos ficaram pelos primeiros anos, com um marca muito grande da sua viola, da sua voz rouca e do espírito da época. Em 1972, a Billboard considerou-a a melhor vocalista feminina.
Há muito que o seu nome estava esquecido - só os mais cotas se recordam -, tão esquecido que, sabendo-se desde o princípio do dia que a sua morte tinha ocorrido no passado dia 23, só hoje à noite o Público online deu a notícia, editando um artigo sobre a sua carreira. No DN nem ver...
Também não sei o que Melanie fez na maior parte do tempo da sua carreira, mas a sua fase inicial, sobretudo The Good Book (1971) e Madrugada (1973), mais alguns dos seus hits, despertou o meu interesse e, durante uns bons anos, Melanie foi um dos meus nomes de referência da música pop.
Lembro-me da felicidade de ter comprado Madrugada. Ainda hoje ambiciono ter o CD, para obviar aos saltos que a agulha dá sobre duas ou três das faixas dos dois vinis que possuo - o que comprei em jovem e o que comprei, em segunda mão, há pouco tempo, em edição espanhola e com uma canção a mais. Como saltam em pontos diferentes, umas canções são ouvidas num, outras são ouvidas no outro. Conservador, gosto dos suportes materiais da música...
Um dos seus maiores êxitos foi Lay Down (candles in the rain), composição de 1970, que evoca a sua actuação em Woodstock, numa noite de dilúvio, depois do speaker ter proclamado que acender velas ajudaria a afastar a chuva. As velas foram acesas e tornaram-se um símbolo dos seus espectáculos na época.
Não sei se os candidatos a deputados do PS são os mesmos ou se há muitas entradas novas.
Mas quando vejo os principais eventos da AD só vejo velhos rostos. E não são os dos últimos 10 anos, são os de há muitos mais anos.
Quando é de Santana Lopes, um ex-PPD-PSD que já rivalizou por outro partido, o discurso mais aplaudido na Convenção (dizem, que eu não segui, e devemos duvidar de muito do que dizem)...
Quando é de Leonor Beleza (ministra na década de 80) uma das intervenções que mais apela ao bom senso das propostas a apresentar (li-as), devendo ter em consideração as incertezas do mundo de hoje...
Quando é de Paulo Portas outro dos discursos "de estratégia política" mais inflamados (sabe muito!...)...
Quando são as mensagens ou os recados de Cavaco nos jornais, "coisa" que ele não lia nos tempos em que governava, que galvanizam as "bases" (as velhas bases)...
Não sei quem são os mais esgotados...
Novas formas de estar na política, precisa-se!
Por coincidência (ou não - o mais certo!) com a possível data do aniversário de Camões, hoje é Dia da Escrita à Mão.
Não sei se fui suficientemente claro - este texto não foi manuscrito!
Agora o fado fado...
Camões meteu-se (ou foi metido) cedo no fado. Amália que o diga, tão criticada foi por, em 1965, ter tido a ousadia de o cantar (ao Camões, que não o fado em si!...).
Um disco dedicado a Camões, nos seus 500 anos, é o novo projecto da cantora Lina.
Em dia de centenário, a notícia de que na casa onde Eugénio de Andrade viveu no Passeio Alegre vai nascer a Casa da Poesia Eugénio de Andrade.
Finalmente, depois de anos de um vazio - e de uma casa vazia - o anúncio da sua abertura... a 13 de Junho, data do falecimento do poeta.
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A casa do Passeio do Alegre em 2012 |
O Museu e Bibliotecas do Porto apresentou um vasto programa de exposições, ciclos de conversas, de leituras e de música em torno da vida e da obra de Eugénio de Andrade, que será o escritor homenageado da Feira do Livro do Porto deste ano.
No edifício do Passeio Alegre, hoje reaberto para a realização da cerimónia, foi também feita a apresentação da Biblioteca Digital Eugénio de Andrade.
Esta biblioteca conterá o imenso espólio que estava na posse das autarquias do Porto e do Fundão (concelho da sua origem).
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Eugénio de Andrade - pintura de Júlio Resende |
«Por mais voltas que dê, é sempre à minha mãe que vou ter quando me ponho a imaginar como é que a poesia se me cravou tão fundo na carne. À minha mãe e àquele lugar onde os meus sentidos despertaram para uma luz atravessada por um chiar de carros de bois pelas quelhas, a caminho das terras baixas dos lameiros. É sempre àquela fonte que regresso.»
«Depois da ceia, arrumada a cozinha, às vezes minha mãe sentava-se no balcão e cantava. Cantava um desses romances de que eu entendia melhor o ritmo do que as palavras. E não tardava que outras vozes se misturassem com a sua, e não raramente se lhes juntava o som ácido de um realejo, ou o do harmónio, menos acidulado. E foram esses ritmos, essas palavras de misterioso significado que me cativaram e passaram aos meus versos, mas isso só o soube muitíssimo mais tarde, depois de percorrer em livros outros caminhos. Porque esta é a poesia que sempre foi a minha: uma voz que no corpo se faz alma para que noutras almas regresse ao corpo. Essa poesia teve origem nestas terras, entre a luz esfarelada e a poeira levantada por cabras e ovelhas, rompeu na boca e nos olhos daquela gente, despertou com o calor de outros corpos em enxergas de folhelho ou sobre a palha rala de alguma choça de pastor, quando eu anos mais tarde ali vinha ritualmente passar as férias grandes - grandes, grandes, grandes, porque então nem os dias nem as noites tinham fim. Será preciso dizer que foi também nestas terras que os sentidos despertaram e se abandonaram ao desejo doutro corpo?»
Eugénio de Andrade, Rosto precário
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Eugénio de Andrade - ilustração de Cristina Valadas |
A 13 de Janeiro de 1979, no salão de baile dos Alunos de Apolo, em Lisboa, às 3h00 da manhã, os Xutos & Pontapés estrearam-se ao vivo: com instrumentos emprestados pelos Faíscas, tocaram 4 músicas em pouco mais de 5 minutos e saíram do palco (de onde o vocalista, José Leonel, já tinha saído!).
No dia seguinte, o grupo era citado no programa de rádio Os Caminhos do Rock como sendo uma banda punk.
«- Eu sinto... eu penso como o André Ventura.
- E o que é
que o André Ventura pensa sobre isto?
- O André
Ventura... Ele pensa... O que é que ele deve pensar? Eu não leio os pensamentos
das pessoas.»
Sr. Orfeu
O nome de Arnaldo Trindade evidencia-se pela ligação à editora Orfeu, que fundou em 1956.
A Orfeu começou pela edição de discos de poesia e a estreia aconteceu com "o mais difícil" (pelo seu feitio): Miguel Torga.
Na opinião de Torga, «Os poetas são muitas vezes mal interpretados pelos "diseurs", porque interpretam teatralmente e perde-se o intimismo dos poemas».
Não sabemos se por essa objecção, as primeiras gravações foram os próprios poetas a declamarem os seus poemas.
Arnaldo Trindade contou que Miguel Torga foi levado a uma das cabines da loja da Orfeu e, já depois da meia-noite "para que não houvesse ruído que viesse a corromper o silêncio necessário", Miguel Torga leu a sua Ode à Poesia. No fim, ao ouvir a sua própria voz, ter-se-á emocionado ao ponto de ter levado uma injecção de coramina, dada por Andrée Cabrée, para ser reanimado.
Seguiram-se José Régio, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner, Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro.
Ary dos Santos, na dedicatória de um livro que ofereceu ao editor, escreveu: "Arnaldo Trindade, a quem tanto deve tanta poesia".
Quanto à música editada, que viria logo a seguir (com muitos nomes importantíssimos), como disse o próprio Arnaldo Trindade: "O grande passo foi quando conheci o Adriano Correia de Oliveira".
Carla Fuchs escreveu Songbird, que dedicou a Sandy Denny. Contactou, posteriormente, Georgia Lucas, filha de Sandy Denny, dando-lhe a conhecer essa canção.
Por gostar do que ouviu, Georgia abordou Carla propondo-lhe que
escrevesse mais músicas para poemas descobertos nos cadernos de Sandy Denny.
Resultou, para já, um disco com dez faixas, entre elas o
trabalho original de Carla que deu início ao projecto e dá nome ao álbum.
A música evoca o espírito de Sandy Denny. Os poemas são os
seus.
O piano parece ser tocado por Sandy Denny...
Na imagem, Carla Fuchs, Sandy Denny e Georgia Lucas
Sandy Denny faria hoje 77 anos.
À altura do prémio ganho esta semana, excelente artigo de José Pacheco Pereira sobre o contínuo político-mediático, no Público de hoje.
Já passaram mais de 50 anos, mas só hoje passou a integrar a discoteca pessoal.
Ainda cheguei a tempo da edição comemorativa dos 50 anos do lançamento do disco.
Recordo com nostalgia My Sweet Lord... remete para o primeiro ano de liceu!
Seriam 100 anos feitos hoje...
Era mais correcto escrever "loteamento da Av. das Forças Armadas". Lotear as Forças Armadas, no mínimo, será polémico...
Para você ganhar
belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra
birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
E recordo Suetónio...
«[Cláudio] pensou em elaborar um édito "que permitisse soltar gases e traques à mesa", quando soube que um dos seus convidados estivera em perigo de vida por se ter contido na presença dele.»
Suetónio, Os Doze Césares
Umas boas entradas em 2024!