"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Melanie (1947 - 2024)

Melanie (só) ou Melanie Safka era uma cantora-compositora norte-americana da geração hippie (iniciou a produção discográfica em 1967-68), anti-guerra do Vietnam, participante em muitos dos festivais que então ocorriam, como o de Woodstock, onde, ainda pouco conhecida, foi uma das três cantoras a solo (juntamente com Joan Baez e Janis Joplin). 

A sua produção discográfica até 1974-75 foi intensa, estendendo-se com edições originais até cerca de 2010, data da morte do seu marido e produtor. Mas os seus grandes sucessos ficaram pelos primeiros anos, com um marca muito grande da sua viola, da sua voz rouca e do espírito da época. Em 1972, a Billboard considerou-a a melhor vocalista feminina.

Há muito que o seu nome estava esquecido - só os mais cotas se recordam -, tão esquecido que, sabendo-se desde o princípio do dia que a sua morte tinha ocorrido no passado dia 23, só hoje à noite o Público online deu a notícia, editando um artigo sobre a sua carreira. No DN nem ver...

Também não sei o que Melanie fez na maior parte do tempo da sua carreira, mas a sua fase inicial, sobretudo The Good Book (1971) e Madrugada (1973), mais alguns dos seus hits, despertou o meu interesse e, durante uns bons anos, Melanie foi um dos meus nomes de referência da música pop. 

Lembro-me da felicidade de ter comprado Madrugada. Ainda hoje ambiciono ter o CD, para obviar aos saltos que a agulha dá sobre duas ou três das faixas dos dois vinis que possuo - o que comprei em jovem e o que comprei, em segunda mão, há pouco tempo, em edição espanhola e com uma canção a mais. Como saltam em pontos diferentes, umas canções são ouvidas num, outras são ouvidas no outro. Conservador, gosto dos suportes materiais da música... 

Um dos seus maiores êxitos foi Lay Down (candles in the rain), composição de 1970, que evoca a sua actuação em Woodstock, numa noite de dilúvio, depois do speaker ter proclamado que acender velas ajudaria a afastar a chuva. As velas foram acesas e tornaram-se um símbolo dos seus espectáculos na época.


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