Sr. Orfeu
O nome de Arnaldo Trindade evidencia-se pela ligação à editora Orfeu, que fundou em 1956.
A Orfeu começou pela edição de discos de poesia e a estreia aconteceu com "o mais difícil" (pelo seu feitio): Miguel Torga.
Na opinião de Torga, «Os poetas são muitas vezes mal interpretados pelos "diseurs", porque interpretam teatralmente e perde-se o intimismo dos poemas».
Não sabemos se por essa objecção, as primeiras gravações foram os próprios poetas a declamarem os seus poemas.
Arnaldo Trindade contou que Miguel Torga foi levado a uma das cabines da loja da Orfeu e, já depois da meia-noite "para que não houvesse ruído que viesse a corromper o silêncio necessário", Miguel Torga leu a sua Ode à Poesia. No fim, ao ouvir a sua própria voz, ter-se-á emocionado ao ponto de ter levado uma injecção de coramina, dada por Andrée Cabrée, para ser reanimado.
Seguiram-se José Régio, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner, Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro.
Ary dos Santos, na dedicatória de um livro que ofereceu ao editor, escreveu: "Arnaldo Trindade, a quem tanto deve tanta poesia".
Quanto à música editada, que viria logo a seguir (com muitos nomes importantíssimos), como disse o próprio Arnaldo Trindade: "O grande passo foi quando conheci o Adriano Correia de Oliveira".
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