"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

O poeta (com uma caneta na mão)

O poeta

Foi visto
(por várias vezes) com uma
caneta na mão. Nem
tentava disfarçar. Sentava-se à mesa consigo
(sempre
cingido de livros) e escutem:
o que fazia era
escrever poemas. Sei muito bem o que digo.
Ele fazia poemas. Os outros
passavam ao largo
(fugindo a qualquer pergunta) ele nem
sequer escondia o que ali estava a fazer. Ali
à frente 
de todos. Linhas e linhas escritas.
Não se limitava a ler.
Não se limitava a viver a sua vida.
Sei muito bem o
que digo. Aquilo eram
poemas.
João Luís Barreto Guimarães


Sem comentários:

Enviar um comentário