A sede de ir ao pote é tão grande, que a promoção da operação militar de 25 de novembro de 1975 a sessão solene evocativa anual na Assembleia da República nem esperou por um aniversário mais "redondo", como seriam os 50 anos.
Quem assim quer comemorar o 25 de novembro quer fazê-lo por oposição ao 25 de Abril.
E haverá quem ainda fique saudoso da comemoração do 28 de maio.
Se o 25 de Abril teve este ano mais pompa e circunstância pelo seu 50.º aniversário, era preciso, à nova maioria de direita, contrabalançar e aproveitar o contexto político favorável para apressar a sobreposição de uma nova data fundadora do regime.
Aguardo por uma nova maioria de esquerda - um Presidente, uma Maioria, um Governo (que hoje parece longínqua!) - para ver se a recente decisão da Assembleia da República será revertida. Assim como assim, essa decisão teria o mesmo valor democrático que aquela que foi aprovada na actual conjuntura.
Parto do princípio que cada um deve poder ter as posições políticas que entende, de que é legítimo assinalar datas históricas - e o 25 de novembro é-o, dentro da lógica de um processo histórico iniciado com o 25 de Abril e concluído, quiçá, com a aprovação da Constituição (2 de Abril de 76) - mas a arrogância efusiva existente nos discursos da direita dá lugar a narrativas falaciosas das situações vividas, exalta apenas as personalidades que lhe são convenientes e enviesa as interpretações históricas.
Alguns que pouco ou nada fizeram - ou cuja família política pouco ou nada fez - arvoram-se em heróis de um combate político que não os teve como agentes.
Se as interpretações podem ser várias (plurais), os factos são únicos. Não os falsifiquem!
Já basta a notícia de que "algumas zonas da Península Ibérica vão ser atingidas pela depressão Caetano."
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