"Soube escutar as marcas de referência da nossa identidade enquanto povo, enquanto cultura" (Nuno Galopim)
Nome grande da música portuguesa, dos compositores mais criativos partindo da música tradicional portuguesa ou de ritmos africanos (Fausto viveu em Angola até aos 20 anos).
A ele se deve um dos melhores discos de sempre da música portuguesa: Por este rio acima, primeiro duplo da trilogia Lusitana Diáspora, a que se seguiram Crónicas da terra ardente e Em busca das montanhas azuis, o último disco de originais que gravou (e que eu continuo a procurar, como já disse aqui , quando Fausto completou os 75 anos). Com essa trilogia podemos dizer que Fausto se tornou o Fernão Mendes Pinto da nossa música.
"Era um grande criador, intérprete, criador de letras e músicas e criou um universo próprio, muito pessoal e muito personalizado. A gente consegue dizer aquela canção é do Fausto porque de facto ele tinha um carimbo" (Sérgio Godinho)
Lembro-me de ter conhecido a sua música logo após o 25 de Abril de 1974, com o LP P'ró que der e vier, que terá sido acabado de gravar uma semana antes dessa data.
Era o tempo das canções de intervenção, de "luta pura e dura" (Venha cá sr. burguês, O patrão e nós, P'ró que der e vier...), altura em que Fausto esteve envolvido na criação do GAC (Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta), com José Mário Branco, Afonso Dias e Tino Flores, entre outros, embora não se tenha demorado no grupo. Aí compôs O poder aos operários e camponeses, cuja letra é exemplo da cantiga como arma.
e canto assim
esta vida
a correr
eu sei que é pouco e não consola
nem cozido à portuguesa há sequer
quem canta sempre se levanta
calados é que podemos cair
com vinho molha-se a garganta
se a lua nova está p'ra subir
que atrás dos tempos vêm tempos
e outros tempos hão-de vir
Atrás dos tempos, de Madrugada dos trapeiros (1977)
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