"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 2 de junho de 2024

Carcavelos e o cabo submarino que ligou Portugal a Inglaterra

2 de junho de 1870, a partir de 3 barcos fundeados em frente a Carcavelos, foi lançado o cabo submarino que ligou Portugal a Inglaterra.



Depois do estabelecimento da ligação Gibraltar-Carcavelos, o novo cabo, de 1 526 km de extensão, iria chegar a Porthcurno, no Sul de Inglaterra, e posteriormente a Londres (8 de Junho). 

Nesse dia, no Palácio da Ajuda, o rei D. Luís recebeu um telegrama de felicitações da Rainha Vitória. 

A exploração dos dois cabos (Gibraltar-Carcavelos e Carcavelos- Porthcurno) foi aberta ao público em 12 de Junho, permitindo desde então ligações telegráficas não só com Inglaterra e Gibraltar, mas também com Malta, Índia, China e todos os outros países ligados à rede mundial de cabos submarinos.

Porthcurno - Museum of Global Communications 

A companhia inglesa responsável pela instalação da linha telegráfica submarina adquiriu a Quinta Nova de Santo António, fronteira à praia de Carcavelos. Aí adaptou o palacete para servir como a sua sede local. A colónia de ingleses da empresa acabou por dar origem ao cognome pelo qual a quinta é conhecida ainda hoje - Quinta dos Ingleses -, dada a importância que esta comunidade teve na região naquela época.

A quinta é, actualmente, objecto de polémica em torno do projecto de urbanização que irá substituir a mata existente.

Voltando a 1870, o Diário de Notícias de 4 de Junho maravilhava-se, logo na primeira página, com o progresso que significava a instalação do cabo submarino:

«Admirável invenção é a da Telegrafia eléctrica, singular aperfeiçoamento o do cabo submarino! A imensa distância de 2.000 léguas, que separam Portugal da Índia, vai ser vencida no curto espaço de duas horas! Quantos benefícios vão produzir esta maravilha ao comércio, à indústria, aos povos, ao progresso!»


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