"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 10 de junho de 2024

80 anos do Estádio Nacional

A história dos projectos arquitectónicos e da construção é controversa. São vários os arquitectos envolvidos em diferentes fases, incluindo o paisagista Georg Gunder, que tinha colaborado nos Jogos Olímpicos de Berlim. Aquele a quem é normalmente atribuído o projecto de conclusão é Miguel Jakobetty Rosa: ele é o autor da tribuna presidencial do estádio assim como de outras propostas e intervenções posteriores a 1939-1940. 


A 14 de Setembro de 1940, o jornal O Século apresenta o Estádio como uma realidade já existente:
«Impõe-se já, como uma das mais grandiosas obras de engenharia realizadas em Portugal, o Estádio Nacional, esse palácio dos desportos, recinto apropriado para todos os jogos de força e de destreza, que ficará a dever-se à política do Estado Novo, inspirado no verdadeiro interesse do país, como realidade das mais belas a compensar aquilo a que o desporto tem jus. Cumpriu-se a promessa do sr. dr. Oliveira Salazar. O estádio pode já considerar-se um facto.»

O dia da inauguração foi marcado para a "festa da raça e de Camões", a 10 de Junho de 1944, data em que decorria a II Guerra Mundial (4 dias depois do Dia D).

A inauguração do Estádio Nacional traz um cheiro à abertura dos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936, salvaguardadas as devidas proporções. 

«Estádio Nacional, prometido por Salazar aos desportistas portugueses, é hoje esplêndida, magnífica realidade.»  

«Salazar, campeão da pátria, era o atleta número um naquela festa de campeões.»

«(...) a inauguração do Estádio ultrapassa os limites de uma simples festa desportiva, para atingir um significado mais alto e vivido, é o documento monumental do que se passou, sem deixar saudades, a época das promessas que não se cumpriam, que não passavam de palavras, a certeza da retórica, o juramento de pedra da nossa renascença. A festa da inauguração do Estádio não é apenas, portanto, a grande festa do Desporto Nacional, mas acima de tudo, a apoteose de Portugal Novo, a confiança no dia de hoje e a certeza do dia de amanhã.»  (António Ferro, Director do Secretariado de Propaganda Nacional e Presidente da Comissão Organizadora da Festa do Estádio nacional, na Emissora Nacional)



Depois disso...
Cartaz para as eleições presidenciais de 1949:


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