"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Café dos Açores

A exemplo do chá, os Açores são o único produtor de café na Europa.

A Tribuna do Alentejo divulga um plano do Grupo Nabeiro em relação a essa produção.
Esse grupo contratou uma equipa de especialistas brasileiros para estudar as condições de produção de café nos Açores.
Aquela equipa dá formação aos agricultores e o compromisso do Grupo Nabeiro é investir no desenvolvimento da produção, garantindo a compra de toda a produção.

Já existem 30 cafeicultores apoiados, a maior parte na ilha Terceira, e são produzidas cerca de nove toneladas de café.
«Não sabemos quando é que o café açoriano vai chegar às lojas. Há muito trabalho ainda a fazer. Trouxemos uma equipa do Brasil que está nos Açores a fazer um levantamento das necessidades. Esta equipa já percebeu que é possível fazer produção em massa de café nos Açores.» (Rui Nabeiro)

Mas a produção de café nos Açores não é novidade.

No caso do chá, o pioneiro foi José do Canto, que contratou dois chineses para desenvolver a sua produção em S. Miguel.
Numa carta ao director de Kew Gardens, de 28 de Março de 1878, José do Canto escrevia:
«A nossa pequena colheita de chá far-se-á dentro de um mês e ouso esperar que me permitireis que vos envie uma amostra deste primeiro chá europeu.»

O café nos Açores também teve como pioneiro o mesmo José do Canto (que introduzira, ainda, o ananás, em 1851).
Em 1875 encomendou café do cabo da Boa Esperança e da Libéria. Desconhecem-se, no entanto, os resultados desta sua experiência agrícola.

Em 2015, era notícia um grupo de produtores de café da ilha Terceira que acabara de formar uma associação regional visando transformar e comercializar o produto através da criação de uma unidade industrial, com recurso a fundos comunitários. (jornal Açoriano Oriental, de 28 de Outubro).

Em S. Jorge, o café dá-se nas fajãs, que têm características físicas muito próprias: são terrenos planos ao nível do mar (numa ilha de encostas escarpadas), que resultaram da acumulação de detritos, na sequência de terramotos ou de escoadas lávicas das erupções vulcânicas, e nos seus terrenos férteis existe um microclima.
As plantas de café chegaram a São Jorge, à Fajã de S. João, através de um emigrante no Brasil, no século XIX, e deram-se bem nesse microclima das fajãs. Lá vi alguns pés de café, em 2008.


Merece realce a plantação de Manuel Nunes - na Fajã dos Vimes, nas traseiras do seu café! - com 350 a 400 plantas (em 2015). A produção anual chega para o seu estabelecimento. 




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