"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Uma mão que oferece uma flor

Há em Bercy uma mão que se estende oferecendo uma flor.



Uma escultura que voou do Brasil para Paris, doada por Oscar Niemeyer.

«(...)
Sensual ou curvilíneo
em formas simbolistas:
mãos redes seios.
Devaneios.

Talvez abstracções
com intenções figurativas.

Ou seriam estruturas-esculturas?
Barrocas, modernistas?

Nas simetrias liberadas
e nas geometrias depuradas:
teatralidade.

Volumes espaços alturas
verticalidade
ou extremidades em vértice
a aludir o estático
e o majestático
- contra as regras
e as limitações.

Niemeyer é tão ou mais monumental
ainda que sóbrio
mais leve quando concreto
e funcional
mais denso quanto poético.

Surpreendente.

Sem concessões à trivialidade
porque genial.

Todas as artes irmanadas
no mármore, nos arcos
ancestrais
abóbadas sonoras
colunas dançarinas,
vitrais.»
poema de António Miranda


Uma flor para quem, com a sua criatividade, o seu trabalho, a sua dedicação, nos permite pensar o mundo, ver a vida com outros olhos, sonhar. Para Joaquim Benite (no teatro), Carlos Papiniano (na literatura), Dave Brubeck (na música), Oscar Niemeyer (na arquitectura e, também, na escultura - como se vê).

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