A Porcalhota localizava-se no “longo” caminho que levava de Lisboa a Sintra. Era um ponto de paragem das carruagens, para descanso dos viajantes e das suas bestas, antes da existência do comboio. Aí havia
Ex-Porcalhota (por muito antiga que pareça, esta foto já deve ser do início da década de 1960) |
Quando Carlos da Maia abalou de Lisboa para Sintra atrás das saias da Madame Castro Gomes (Maria Eduarda, para os amigos), arrastando o Cruges (pretenso compositor musical), o breque seguiu pela estrada que atravessava a Porcalhota.
Como conta Eça:
«O maestro desembaraçou-se do seu grande cache-nez. Depois, encalmado, despiu o paletó e declarou-se morto de fome. Felizmente estavam chegando à Porcalhota. O seu vivo desejo seria comer o famoso coelho guisado – mas, como era cedo para esse acepipe, decidiu-se, depois de pensar muito, por uma bela pratada de ovos com chouriço.”
Eça de Queirós, Os Maias
No final dessa viagem, o Cruges também se esqueceu das queijadas para a mãe... (acho que foi neste ponto do romance).
"A gente em Lisboa estraga a saúde!" (diz Cruges, quando puxa a si a travessa de ovos com chouriço). Trabalhando na Amadora há tanto tempo, esta é uma parte d'Os Maias que me dá sempre muito prazer: o ar idílico e etéreo de uma terra campestre, talvez até algo boçal... cheia de carros, prédios altos e todos os vícios, mesmo os piores, de uma grande cidade, não muito grande mas muito bem recheada.
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