"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

... e montanhas, Irene

Com sol, mar e férias... e montanhas


«As montanhas apaixonam-se com frequência. Vestem-se de branco. De verde ou azul. Por vezes abrem as pálpebras. E a lava da sua paixão corre-lhes pelas faldas.»
Jorge Sousa Braga, De manhã vamos todos acordar com uma pérola no cu

Como perdemos tempo

Estamos a pouco mais de 15 dias do início do próximo ano lectivo - o período de férias não conta para o trabalho! - e aqueles que deviam estar a pensar na preparação do novo ano estão mergulhados numa avaliação cretina do desempenho docente, recuperando o tempo em que se sonhou que o modelo de avaliação finara.
Lamento a situação dos contratados, os únicos com que devíamos estar, realmente, preocupados, pela possível repercussão da classificação nos seus concursos. Eles são os chantageados do sistema.

De resto... nós devíamos dedicar às coisas o tempo que de facto elas merecem: a aplicação deste modelo de avaliação não merece qualquer tempo. É tempo perdido!


E vamos chegar atrasados a Setembro...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Elevador da Bica - 119 anos

Hoje foi dia de festa no elevador da Bica, pela comemoração do 119.º aniversário da sua inauguração (28 de Junho de 1892). 
Bilhete postal com carimbo do dia, assinalando a data do aniversário
A concepção do elevador, que liga a Rua de S. Paulo (cá em baixo) e o Largo do Calhariz (lá em cima), atravessando o popular bairro da Bica, foi do engenheiro Raoul Mesnier du Ponsard, responsável, também, por outros projectos como o do elevador de Santa Justa.
Este elevador foi classificado como Monumento Nacional, em Fevereiro de 2002.




A Beira - Aldeia da Pena



«É quase preciso cair inesperadamente sobre certos recantos para os surpreender na intimidade nua das suas horas felizes.»
Miguel Torga


Paredes exteriores de casa

Telhado

Objecto decorativo no telheiro do grelhador

Portugal muito profundo

Tinha lido dos "poços de paredes quase verticais que fecham a aldeia da Pena", o que deixava várias dúvidas no meu entendimento.
Perdi as dúvidas quando vi, do cimo da serra de S. Macário, as casinhas pretas xisto da aldeia... lá no fundo do poço, a centenas de metros do olhar.


A estrada, cheia de buracos e a quebrar-se, literalmente, pelas ravinas, até determinado ponto da viagem, já estivera à beira de pôr em causa a descoberta da aldeia e o almoço pensado para a Adega Típica - vá-se lá saber que mecanismos mentais nos fazem adivinhar os sítios onde devemos abancar! É algo do domínio do sagrado, mesmo que diabólico, nestes cafundós onde o diabo perdeu a mãe e não a voltou a encontrar.

E havia troços com buracos bem maiores
Nunca me tinha custado tanto conduzir o carro. Receei alguns dos buracos, numa estrada deserta, que teimava em perseguir em equilíbrio instável a crista da montanha.*


Depois foi a aproximação demasiado vertical à Pena, com sucessivos cotovelos a descer até ao fundo do poço.

Mais fácil foi encontrar a Adega e, ainda mais, comer a broa, o queijo e o presunto que nos puseram na frente, numa mesa corrida debaixo de uma latada.




Escolheram-nos um cabrito grelhado - e nestes locais o melhor, regra geral, é concordarmos com o que nos escolhem - acompanhado de arroz de feijão e salada de alface. Mais tinto, medronho, licor de amora muito roxo...



Estávamos tão bem (apesar do calor)... Ninguém se queria lembrar do caminho de volta, agora a subir!...

Aldeia da Pena: 8 habitantes, incluindo o casal dos proprietários da Adega, as duas filhas pequenas e os dois avós.


Surpresa: o caminho para cima pareceu-nos muito fácil - Red Wine deu-nos asas? - mas já não insisti em que fôssemos a Covas do Rio ou às Covas do Monte: é que também ficam em "poços". Para "poço" bastou a Pena.

Para os interessados, aqui fica o cartão (é condição que saibam conduzir).



* O Jaime que me desculpe. Este parágrafo foi só para impressionar os meus amigos que pensam que não tenho carta de condução.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Cheirinho a férias


«Não conheço outro ritmo que não seja o das estações. Outra música que não a das gotas de chuva nos limoeiros. Outra fuga que não a de um pássaro assustado com a sua própria sombra.

No fundo, o que me recuso a acreditar é que estejamos condenados. Apesar dos prados envenenados, da lenta agonia dos rios e do mar. Da atmosfera cada vez mais carregada das cidades. Contanto que a poesia seja - continue a ser -

          um lugar
          onde ainda se pode
          respirar»
Jorge Sousa Braga, Os pés luminosos



quinta-feira, 23 de junho de 2011

Dia de Reflexão

Esta imagem chama-se Pensativo-enojado.
Corresponde ao momento!
Hoje é dia de reflexão.
Amanhã é o momento de entrega do Relatório de Auto-Avaliação, momento marcante do nosso desempenho enquanto professores. Eh, eh, eh!...
Pretendia ser uma piada!


«Amasso o pão; varro a soleira da porta; depois das noites de ventania, apanho os troncos do chão...»
                                     Marguerite Yourcenar, Memórias


Tenham um bom feriado.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Vista do lado do rio

À vinda da "aldeia" onde trabalho...

É a fotografia que fica sempre bem
 

Diário de Sebastião da Gama nos dias de hoje

A Presença começou a editar as obras completas de Sebastião da Gama. E começou pelo Diário, em edição integral e anotada.

Publicado pela primeira vez em 1958, o Diário é a narrativa das suas experiências enquanto estagiário na Escola Comercial Veiga Beirão (Lisboa).
Li e reli o Diário no início do meu trabalho de professor (1983). Li e aprendi muito. E vivi muito (acho eu) com a experiência, sobretudo, do meu 2.º 20 e, mais tarde, do 5.º e 6.º 3 (génese do 9.º 8) – eles sabem quem são, se aqui vierem...

João Reis Ribeiro, organizador desta edição das obras de Sebastião da Gama, em entrevista ao JL/Educação, a propósito do Diário, diz que “o jovem poeta (...) está ainda hoje cheio de modernidade”.
A verdade é que a considerarmos assim, a escola de hoje está longe dessa modernidade. E nem falo da realidade cultural dos alunos, falo da realidade cultural do Ministério da Educação (e dos governos que nos têm governado, agora restringidos ao “economiquês”).
Hoje, duvido que Sebastião da Gama pudesse iniciar um diário sobre o acto de ensinar-aprender/viver da mesma forma que o fez:
“Vão ser as aulas de Português o que eu gosto que elas sejam: um pretexto para estar e conviver com os rapazes, alegremente e sinceramente.”

Sebastião da Gama já teria que ter analisado o PEA, o PCA e o PAA, redigido os seus objectivos individuais para o biénio em que fosse ser avaliado (tendo em conta as dimensões e, por referência, os respectivos domínios), já teria que ter preenchido quadros/grelhas com objectivos, competências, conteúdos, estratégias e recursos, já teria que ter analisado Planos de Recuperação e Planos de Acompanhamento, ter feito as adaptações curriculares ajustadas aos alunos com necessidades educativas especiais, ter definido os critérios de avaliação das disciplinas leccionadas, definido a percentagem de cada item, preparado a grelha para a aplicação dos critérios de avaliação, elaborado os PCTs, preparado os materiais para as aulas de substituição, ter definido o seu horário (integrando as horas da componente escola, as horas dos TOA, as reuniões de Grupo/Departamento...)...

Só relativamente à ADD (Avaliação do Desempenho Docente), ele deveria conhecer a legislação aplicável:
Lei nº 66-B/2007, de 28 de Dezembro
Despacho nº 16034/2010
Decreto-Lei nº 270/2009, de 30 de Setembro
Recomendações do CCAP
Decreto-Lei nº 75/2010, de 23 de Junho
Decreto Regulamentar nº 2/2010, de 23 de Junho
Despacho nº 4913-B/2010, de 15 de Março
Despacho nº 7886/2010, de 22 de Abril
Despacho nº 14420/2010, de 7 de Setembro
Despacho Normativo nº 24/2010, de 16 de Setembro
Portaria nº 926/2010, de 20 de Setembro
Despacho nº 5464/2011, de 22 de Março
Despacho nº 5465/2011, de 22 de Março
Deveria, também, conhecer ou ter em consideração, para bem “usar” nos modelos adequados e nos prazos estipulados:
Calendarização da ADD
Requerimento de observação de aulas
Modelo de Convocatória
Modelo de plano de aula a observar
Grelha de observação de aulas
Modelo de relatório descritivo de observação de aulas
Modelos Excel para ponderação da ADD:
          Ficha do relator para avaliação dos docentes
          Ficha do coordenador para avaliação do relator
          Ficha do director para avaliação do coordenador
Modelo de questionário aos docentes
Requerimento para entrevista individual
Acta de registo de entrevista individual
Guião de entrevista individual
Modelo de relatório de auto-avaliação
Modelo de relatório de evidências
Modelo de acta júri de avaliação

Espero não ter ferido susceptibilidades, pois é possível que me tenha esquecido de algo.

Será que nessa altura, Sebastião da Gama, apesar do optimismo que caracteriza o seu Diário, ainda o escreveria como escreveu, com a mesma perspectiva poética, a perspectiva poética que punha no acto educativo?
Penso que não teríamos o Diário.



Jacinto do Prado Coelho, na mesma linha, afirmava que «Não há verdadeira educação que não seja poética.»
Pois... mas a modernidade oficial hoje é outra. E a crise tem as costas largas...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Os Dez Mandamentos do Professor Avaliador

Enviados pela Almerinda (que já se viu livre desta trapalhada).


OS DEZ MANDAMENTOS DO PROFESSOR AVALIADOR

1º- Amar a Santíssima Trindade (Legislação, Projecto Educativo e Plano de Actividades) acima de todas as coisas

2º- Não incomodar o Santo Director em vão

3º- Santificar os Domingos, Festas de Guarda e dia de folga com burocracias da escola

4º- Honrar o Conselho Geral e o Conselho Pedagógico

5º- Matar pela raiz toda a tentativa de questionar os documentos da avaliação

6º- Guardar fidelidade à Direcção Regional nas palavras e nos actos

7º- Roubar a oportunidade aos que são melhores de terem melhor nota que os avaliadores

8º- Declarar como falso todo o testemunho que não esteja suportado em evidências

9º- Castrar os pensamentos e desejos dos que se acham melhores que os avaliadores

10º- Cobiçar as ideias alheias que permitam ao avaliador brilhar no seu relatório

O direito ao sonho

Há cadeirões de sonho ou cadeiras de sonhos maiores.


Há quem sempre tenha amado o Benfica e nunca tenha sido do Real Madrid, nem mesmo antes de nascer.
Há, certamente, chineses que nunca desejaram outra coisa que não fosse jogar no Sporting, mesmo não sabendo bem onde fica Portugal.

Sonhar é próprio do Homem.
O problema é o uso das palavras sempre e único.

Mal comparado, é assim uma espécie de fábula da raposa e das uvas.


P.S. (acrescentado umas horas mais tarde)
Mais um sonhador...



Nota: a cadeira da imagem foi roubada a http://futlol.blogspot.com/

Não há revisores?

Público - P2 de hoje:

constrõem-se?

A entrevista é interessante.

O nascer do Sol no primeiro dia de Verão

Solstício.

Nascer do Sol

Lua (quase) no lado oposto

segunda-feira, 20 de junho de 2011

À beira de Alfama

Foi de surpresa que ontem me vi em Alfama.
Com uma semana de atraso em relação ao Santo António.








À saída, Lisboa e o Tejo estavam assim:

Tejo visto das Portas do Sol
 

S. Vicente(s) - o de Fora e o da estátua
 

Brincadeiras

O chinês do PSD não foi eleito.
É o que faz brincar com coisas sérias.

Conheço pais que deixam os filhos com 10-11 anos sentarem-se no lugar do condutor e guiarem o carro numa rua das traseiras da casa.
Há líderes políticos que fazem o mesmo.
As crianças não têm consciência. Os pais também não.
Os "chineses" também não. Os líderes políticos também não.

domingo, 19 de junho de 2011

O jacarandá


Extravasou do largo o jacarandá
Com as suas flores miúdas
ocupa agora toda a manhã

Jorge Sousa Braga

sábado, 18 de junho de 2011

Amigos e amizades

Ontem tive a oportunidade de almoçar com duas amigas, de estarmos, de conversarmos, de rirmos, de partilharmos...
Hoje, a oportunidade de reencontrar velhos amigos do liceu, de almoçarmos (obrigado, Henrique e Fátima, por proporcionarem o encontro), de estarmos, de conversarmos, de rirmos, de partilharmos...
É verdade que, neste último caso, o facebook nos ajudou a reencontrar...
Mas a verdadeira amizade é esta que se partilha ao vivo, bem presentes, olhos nos olhos. Verdadeiros amigos são aqueles com quem começamos a falar como se só tivéssemos deixado de estar juntos há um dia, aqueles a quem damos um abraço que procura matar a saudade, como se assim recuperássemos o tempo de ausência. Sentimos na alma.

Um dia destes voltaremos a estar juntos!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Um enorme elogio (vaidades!)

Hoje, no final da aula do 6.º 6, despedi-me do Pedro, que vai já para férias.
O Pedro é (foi) meu aluno de HGP durante estes 2 últimos anos. É um "miúdo" fantástico! Não gosta de ser muito destacado e eu também sou comedido nos elogios (talvez um pouco sovina), mas uma vez senti necessidade de lhe dizer que teria de recuar cerca de 25 anos para encontrar um aluno tão bom como ele, a História, no 2.º Ciclo. Acho que ele gostou de ouvir (merecia).
Hoje, à despedida, disse-lhe que tinha tido muito gosto em o ter como aluno.
Como resposta, o Pedro disse-me que tinha tido muito gosto em me ter como professor.
E eu gostei de ouvir (com a dúvida de saber se mereço).
Mas que, para mim, foi um enorme elogio, lá isso foi.
E estas pequenas "coisas" é que são na realidade grandes, nos enchem a alma e nos fazem esquecer a mesquinhez de burocráticas avaliações do desempenho.
Até posso ter "Insuficiente" nesta última, que a ralação não é grande - ter ouvido o Pedro dizer-me aquela frase é muito mais importante.

O novo ministro da Educação

Quando da constituição de um Governo, nomes ministeriáveis são como os chapéus: há muitos!
O nome de Nuno Crato era um dos falados para a Educação, mas não acreditei. Afinal...

A tarefa não é fácil - nunca o seria, quanto mais num momento como este!
Como será o ministro Nuno Crato?
Ao menos fica-me uma expectativa positiva.

Há quantos governos é que isso não me acontecia?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O eclipse da Lua visto da minha janela

O aparecimento da Lua foi prejudicado pelas nuvens.

Chumbem-se!

Futuros magistrados apanhados a copiar tiveram todos dez
Indícios de que 137 auditores que estão no Centro de Estudos Judiciários (CEJ) a formarem-se para serem magistrados copiaram num teste levou à anulação do exame. Face à impossibilidade de encontrar uma data para repetir o teste a direcção da instituição decidiu atribuir nota dez a todos os futuros magistrados.
  Público on-line, hoje
 
É o prenúncio de uma boa carreira.
 
Um bom teste seria perguntar qual a pena que os próprios aplicariam numa situação destas.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Santo António é de Lisboa

Santo António dá cabo dos horários a quem não o tem por padroeiro.
Os horários dos transportes da região de Lisboa são feitos em função dos capitalistas: se em Lisboa é feriado... tem de ser feriado em tudo o que é arredor. Fazem-se horários de feriado.
Até os TST, na margem Sul, cumprem os horários de Sábado, mesmo que prejudicando os utentes sulistas. Deviam chamar-se, então, TNT - Transportes Norte do Tejo.

Um verdadeiro slogan!
O que vale é que na "aldeia" onde trabalho, ainda há gente que se conhece e se dá. Depois de me servir o cafezinho da manhã no quiosque do terminal de barcos do Seixal, a D. Amélia deu-me boleia para a escola.
Foi serviço completo. E só paguei 50 cêntimos.

Quiosque da D. Amélia. Tenho de o fotografar aberto!
E fotografar a D. Amélia, um exemplo vivo de boa disposição


domingo, 12 de junho de 2011

Chamam-lhes "Leis de transparência pública"

Nos jornais de hoje vem a informação que "dezenas de jornalistas aterraram no Alasca para escrutinar milhares de e-mails escritos por Palin enquanto governadora daquele estado." Já foram reveladas cerca de 24 mil páginas de correspondência de Sarah Palin.
A correspondência foi disponibilizada pelo Governo do Alasca quase 3 anos depois de vários órgãos de informação americanos terem solicitado o seu acesso, "à luz das leis de transparência pública".
Transparência pública?????  COSCUVILHICE PÚBLICA!!!
Não tenho a mínima simpatia pela senhora, cuja densidade política de pensamento será comparável à de uma alforreca de água doce.
Mas... bisbilhotar os seus mails, devassar a sua correspondência, em nome de "transparência"? A mim parece-me pornografia! Imaginar que as pessoas têm direito a espreitar o que me é privado, quando não há crime (ou suspeição do dito), ultrapassa a minha capacidade de compreensão.
Dizem os jornalistas que "esperavam que os documentos ajudassem a definir uma figura até então [altura das eleições presidenciais norte-americanas] desconhecida." O raio que os parta!
Não tinham outro método? Incompetentes!
"Três anos depois, o fascínio continua." ´(Público on-line).
O fascínio???
A pornografia é mais honesta!

Quem semeia ventos colhe tempestades

Por ocasião do 10 de Junho, o Sr. Voluntário que ocupa o Palácio de Belém referiu-se a vários problemas do país, como a interioridade, o despovoamento, o abandono dos campos e as consequências daí decorrentes.
Será bom lembrar que esses problemas foram potenciados com a política seguida após a integração de Portugal na CEE (1986), que Cavaco Silva foi Primeiro-Ministro entre 1985 e 1995, que a política de sucesso dos seus governos ajudou a construir o actual modelo de sociedade e que é esse modelo o responsável por grandes parte dos problemas enunciados.

Aqui há poucos anos atrás o mesmo senhor interrogava-se sobre a razão que faria com que os portugueses não tivessem mais filhos.
É o bom senso. Às vezes os portugueses têm juízo!

P.S. - O título também podia ser: Quem faz a cama, nela se deita.

sábado, 11 de junho de 2011

Ontem sobrinhos e cunhados, hoje primos e afilhados

Respeito pelo fim de semana!

O Daniel trouxe uma senhora chanfana lá da terra, num lindo caçoilo, feita pela mãe num forninho de lenha.


As referências que tinha da chanfana eram a de carne de cabra velha, com um tempo prolongado em bom tempero (para amaciar a velhice) e cozinhada depois em barro, com vinho tinto, com muitas horas de forno de pão.
Esta cabra - a que está no tacho da fotografia, entenda-se - não chegou a velha: teve o azar de ir às vides e de a dona não ter apreciado especialmente o facto de ter ficado com as ditas devastadas. Assim, a cabra nova ou de meia idade acabou rapidamente no tacho e nós tivemos direito à nossa quota parte, via filho da dona da dita.
Foi acompanhada por batatinhas cozidas à parte.

Remeto para a informação que consta em as 7 Maravilhas da Gastronomia, onde a chanfana é uma das 21 finalistas.
A de hoje merecia prémio.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Hoje





Andar à beira mar, almoçar peixe fresco, ir jantar com os sobrinhos (destaque para o Francisco!)...
Viva o 10 de Junho!


Haja calma - Dead Can Dance



Pousemos os pés no chão.
Sejamos lúcidos.

Caixas de correio que são sacos de gatos

Parece que está tudo doido!
As minhas caixas de correio (electrónico) parecem pistas cruzadas de atletismo, para corridas de 100 metros!
São mails de colegas sobre a avaliação do desempenho docente, são colegas reformadas que me mandam todas as apresentações possíveis e imaginárias sobre locais paradisíacos para férias, todas as informações sobre situações da administração pública que ferem princípios éticos básicos, piadas sobre o Sócrates (ainda e até haver piadas sobre o Passos Coelho ou o Portas), pedidos de sangue de diferentes tipos (qual deles o mais raro), crianças desaparecidas e tudo o mais, uma colega do sindicato que divulga as mais variadas actividades culturais, estudos que provam que estamos a ser enganados até à sétima casa pelos interesses (ou interessados) financeiros que nos exploram até ao tutano, petições já nem sei porquê ou a favor do quê ou contra quem...
Eu já tenho que fazer!!!

Declaro que não reencaminho mais nada, já não assino mais nada, não quero saber de mais nada, nem sei se não passarei a apagar mails ainda antes de os ler...

Olhando bem para os mails, para a sua temática, para quem manda o quê... Isto não é uma rede de comunicação - são linhas paralelas de comunicação, linhas que não chegam a formar uma rede.
Apenas quero acabar este ano lectivo e manter a sanidade mental.

Está tudo doido?!
Será que o Mundo acaba mesmo em 2012? Parece!!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O que andam a misturar na água?

Títulos do Público on-line de hoje:

António José Seguro formaliza candidatura a um "PS para todos"

Assim, tipo “Milagre dos Pães” - 10 milhões de PSs, cada um com o seu! Incluirá o senhor curandeiro de Belém?


Cavaco espera que portugueses queiram ser “curados”.

Assim, tipo “Eu vi a luz do Senhor e agora indico-vos o caminho”. O senhor voluntário que ocupa o Palácio de Belém está a ficar místico.

Uns fazem as "asneiras" (tipo BPN) e estão no bem bom e "os portugueses" (tipo "no geral") devem querer ser curados das doenças que os primeiros lhes foram arranjando e que os diferentes poderes políticos foram espalhando.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Pelas saladas, contra o E.coli alemão

Foi hoje organizada, no centro de Madrid, uma Feira-protesto contra o medo do consumo de verduras e frutas, provocado pelo alarme da bactéria E.coli e pelos rápidos juízos alemães relativamente aos pepinos espanhóis.
Agricultores e comerciantes de verduras e de frutas ofereceram cerca de 40 toneladas destes produtos.
Perante a oferta, muita gente terá perdido o recente preconceito do seu consumo.
Já basta o que a Alemanha nos obriga a fazer pelo nosso déficit, agora ainda quer que deixemos de comer saladas!...

«Alemanha mente, nossa agricultura se recente.»

«Por mentiras tão duras, não compram minhas verduras.»

Eu estou pelas saladas!... Solidário com os produtores de tomates, alfaces e pepinos.

O meu almoço de hoje:


segunda-feira, 6 de junho de 2011

A São Caetano... à Lapa, como no tempo de Filipe IV

«Dom Francisco de Quevedo, cuja extraordinária pessoa já disse estar na moda nesses dias, era parado a cada instante por pessoas que o cumprimentavam com deferência ou solicitavam a sua ajuda nalguma pretensão. Aquele pedia benefícios para um sobrinho, o outro para um genro, este para um filho ou para um cunhado. Ninguém se oferecia para trabalhar em troca, ninguém se comprometia a nada. Limitavam-se a andar em corso, reivindicando a mercê como um direito, fazendo-se todos de sangue dos godos atrás do sonho que cada espanhol acariciou sempre: viver sem vergar a espinha, não pagar impostos e pavonear-se com espada ao cinto e uma cruz bordada ao peito. E para que vossas mercês tenham uma ideia até onde chegávamos em matérias de pretensões e solicitações, direi que nem os santos das igrejas se livraram de impertinências, pois até nas mãos das suas imagens se colocavam memoriais pedindo esta ou aquela graça terrena, como se de funcionários de palácio se tratassem. De modo que na igreja do solicitadíssimo Santo António de Pádua chegou a ser colocado um cartaz sob o santo dizendo: "Dirijam-se a São Caetano, que eu já não despacho."»
Arturo Pérez-Reverte, O cavalheiro do gibão amarelo

O que eu tenho aprendido com Pérez-Reverte sobre a Espanha de Filipe IV e como Portugal se parece com essa Espanha.
E nestes dias pós-eleitorais, adivinha-se o mesmo cenário de solicitações e pretensões a São Caetano... à Lapa. É que São José já não despacha!

Um massive attack for better things


Rui Tavares - Período de reflexão

Público - Período de reflexão

domingo, 5 de junho de 2011

A mudança

«Eu pedia que fechassem a janela... que não aguento tanto vento de mudança.»
Ricardo Araújo Pereira, Governo Sombra especial (há poucos minutos na TSF)

Como votar?

Não voto nos 2 partidos que são os principais responsáveis pela situação em que nos encontramos, os 2 que sempre estiveram, em conjunto ou alternadamente, no poder. Acredito tanto neles como no Pai Natal. Aliás, acreditarei mais facilmente no Pai Natal.
Por razões ideológicas (que tudo o resto condicionam), não voto no partido que tem passado curtas temporadas no poder e cujo líder anda ufano (tipo adolescente apaixonado), pois tem 99% de certeza de que será ministro.
Sem grande convicção, poderei votar num dos restantes partidos com representação parlamentar. Para ser do contra, porque estão confinados a sê-lo no nosso sistema e no nosso modelo de sociedade made in CE.
Poderei votar em branco...
Poderei votar nulo, fazendo um X muito grande e muito vincado - a bold - que ocupe todo o boletim de voto...
Poderei votar nulo, escrevendo algo que expresse a minha repulsa face ao modo de fazer política dos principais partidos. Os outros só existem quando há eleições, pelo que habitualmente nem fazem politica.
Mas até poderei votar num dos pequenos partidos, à sorte, usando aquele método infantil do AN - DÓ - LI - TÁ...
Até já me passou pela cabeça votar no PCTP/MRPP, na medida em que elegendo Garcia Pereira (na possibilidade de ser eleito) eu sabia qual era o meu deputado e não baralharia o meu eleito com qualquer outro. Sob "observação directa", eu saberia mais facilmente o que ele andava a fazer do meu voto!...
Mas, convictamente, vou votar!

sábado, 4 de junho de 2011

O mal é geral

«- Há três batalhões de infantaria espanhóis a pouco mais de uma légua daqui, posicionados diante do Oitavo Ligeiro. A nossa infantaria está com dificuldades em manter a sua linha, pelo que nos encarregaram da missão de carregar sobre o inimigo e dispersar as formações. Dois esquadrões do Regimento ficam de reserva, cabendo-nos a nós e ao Segundo a honra de entrar em combate... Alguma pergunta? Bom. Então só me resta desejar-lhes boa sorte a todos. Ocupemos os nossos postos.
Frederic pestanejou, perplexo. Era tudo? Nenhuma frase escolhida, nenhum gesto de alento que infundisse entusiasmo entre os homens que iam lutar pela França. Não que o jovem esperasse um discurso patriótico, mas sempre pensara que, antes do combate, um chefe devia discursar às suas tropas com a eloquência necessária para insuflar nos espíritos fracos o fogo sagrado do dever. Sentia-se decepcionado.»
Arturo Pérez-Reverte, O hussardo

É esta a decepção que sentimos - a falta da voz que possa insuflar o fogo sagrado do dever. Um sentido à acção. A alma.
No particular da escola e no geral do país, certo?
E olha que na Europa...
Cumprem-se dolorosos e burocráticos deveres.
É sobre isto que temos falado, não é, Fátima?


P.S. - O que eu tenho aprendido com as leituras da Guerra do Pérez-Reverte!

O que eles não sabem

«Quem mata de longe ignora tudo sobre o acto de matar. Quem mata de longe nenhuma lição extrai da vida nem da morte: nem arrisca, nem mancha as mãos de sangue, nem ouve a respiração do adversário, nem lê o pavor, a coragem ou a indiferença nos seus olhos. Quem mata de longe não testa o seu braço, o seu coração ou a sua consciência, nem cria fantasmas que mais tarde aparecerão de noite, pontuais ao encontro, durante o resto da sua vida. Quem mata de longe é um velhaco que encarrega outros do trabalho sujo e terrível que lhe é próprio. Quem mata de longe é pior que os outros homens, porque desconhece a cólera, o ódio, a vingança, a paixão terrível da carne e do sangue em contacto com o aço; mas também ignora a piedade e o remorso. Por isso, quem mata de longe não sabe o que perde.»
Arturo Pérez-Reverte, O Sol de Breda

Esta foi a verdade terrível que o narrador das aventuras do Capitão Alatriste descobriu, em situação de guerra, franqueando a estranha linha de sombra que os homens lúcidos mais tarde ou mais cedo acabam por atravessar: a consciência do mundo - a perda da inocência.
Esta é a verdade que não é difícil de descobrir sobre quem nos tem governado e quem nos quer governar. Quem governa de longe... desconhece o que governa. Podem conhecer os números, mas não conhecem as realidades. Portanto, não sabem agir sobre elas.

Finalmente, o sossego

Mas não vai durar muito.
Amanhã à noite recomeçarão as matracas.

Pissarro