"Amo a história. Se não a amasse não seria historiador." (Lucien Febvre, 22 de Julho de 1878 - 26 de Setembro de 1956)
«No sentido mais lato, não há História a não ser a do Homem. (...)História ciência do Homem, e então os factos, sim: mas são factos humanos; tarefa do historiador: encontrar os homens que os viveram, e deles os que mais tarde aí se instalaram com as suas ideias, para os interpretar.
Os textos, sim: mas são textos humanos. E as próprias palavras que os formam estão cheias de substância humana. E todos têm a sua história, soam diferentemente segundo as épocas, e mesmo se designam objectos materiais só raramente significam realidades idênticas, qualidades iguais ou equivalentes.
Os textos, sem dúvida: mas todos os textos. E não só os documentos de arquivos em cujo favor se cria um privilégio (...). Mas, também, um poema, um quadro, um drama: documentos para nós, testemunhos de uma história viva e humana, saturados de pensamento e de acção em potência...»
Lucien Febvre, Combates pela História
Lucien Febvre fundou, em parceria com Marc Bloch, em 1929, uma revista de História que ficou... para a História: os Annales (chamemos-lhe apenas assim, porque o nome foi alterado mais do que uma vez*, pelas contingências... da História, incluindo a II Guerra Mundial e o fuzilamento de Marc Bloch pelos nazis).
Os Annales significaram outra abordagem da História - a ambição de uma História total ou global, que transformou a historiografia e esteve na origem da investigação interdisciplinar, rompendo barreiras entre as diversas ciências humanas e sociais e na criação de novas correntes historiográficas.
Como dizia Marc Bloch, "a História não é somente uma ciência em marcha, é também uma ciência na infância".
Como essa infância parece longínqua...
* Primeiro, Annales d'Histoire Économique et Sociale, depois Annales d'Histoire Sociale, depois ainda, Mélanges d'Histoire Sociale e, finalmente, Annales (Économies-Sociétés-Civilisations).