"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sábado, 30 de março de 2024

Viva o novo Governo! Vivam as Ordens! Viva a criatividade jornalística!

Em primeiro lugar, foram muitos os comentadores que exultaram com a composição do Governo.
Temos de reconhecer que é natural, pois trabalharam, de facto, para que o poder mudasse (com toda a legitimidade, diga-se: SIC, TVI/CNN, Observador, etc. são empresas privadas e podem fazer as suas opções editoriais - ninguém as obriga a ser isentas).

Depois foram as Ordens (Vivam as Corporações! - Salazar pode estar satisfeito!).








Depois das Ordens foram os Polícias.
Depois das Polícias serão os Militares.
Depois dos Militares serão (talvez...) os Professores (já desconfiados do economista nomeado para o Ministério da Educação, incluindo o Ensino Superior, Ciência e Inovação) - e eu desconfiado me confesso, lembrando o que afirmou o Dr. Fernando Alexandre enquanto Secretário de Estado do Governo de Passos Coelho (e em outras ocasiões da sua carreira de economista).
Bem diz o Público: "o ministro que antes de o ser já é contestado". 

Uma escriba da CNN, num momento de criatividade jornalística (qual objectividade dos factos!), conseguiu escrever, referindo-se a Fernando Alexandre, que:

O Ministro da Educação foi Nuno Crato, do princípio ao fim do XIX Governo Constitucional (2011 - 2015). Entre 22 de Abril de 2013 e 23 de Abril de 2015, Fernando Alexandre foi Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna (primeiro, Miguel Macedo, depois, Anabela Rodrigues). 

Se a escriba estivesse atento, concluiria da incoerência da demissão de um Ministro da Educação por incompatibilidade com uma Ministra da Administração Interna.

Mas, pronto!
Há muita satisfação, muito optimismo em quem estava mais longe do poder, tristeza e muito cepticismo em quem foi afastado e nos seus apaniguados.
O PS acusa o PSD de restringir a constituição do Governo (ainda incompleta) ao núcleo do partido, auto-limitando-se, acusação, aliás, semelhante à que o PSD fez quando da formação dos governos do PS.

Estamos no mundo dos interesses. 
Os interesses dos mais poderosos pesam mais.
Estamos num mundo normal.

P.S. - Aguardo com expectativa se o futuro Ministro das Infraestruturas e da Habitação não virá a ser incomodado com o inquérito instaurado pelo Ministério Público a propósito da venda por truta-e-meia, pela C.M. Cascais, de um terreno junto à Marginal, na Parede, para permitir a construção de um hotel da cadeia Hilton, negócio com contornos muito duvidosos. 
Se o Governo durar muito...

P.S. 2 - A propósito do mesmo futuro Ministro, também será bom lembrar a conclusão do processo de privatização da TAP - muito a correr, por um Governo que se sabia não ir governar - em 12 de Novembro de 2015, enquanto Pinto da Luz desempenhou o cargo de Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, de 30 de Outubro a 26 de Novembro de 2015.


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