Esta anedota de ontem fez-me lembrar outra história, de outros tempos conturbados da vida política portuguesa.
A 3 de Julho de 1915, Afonso Costa, líder do Partido Democrático, ex e futuro chefe do Governo, seguia de eléctrico a caminho de Algés. Na Avenida 24 de Julho, um disjuntor da carruagem, em sobretensão eléctrica, disparou. Estando envolvido numa caixa de madeira, quando disparou a ressonância da pancada da alavanca na madeira produziu um estrondo. Ao ouvir o som do que julgou ser a explosão de uma bomba, achando que estava a ser vítima de um atentado, Afonso Costa decidiu lançar-se da janela do eléctrico. Sofreu um traumatismo craniano.
Esse eléctrico, o 355 da Carris, passou a ser conhecido pelos guarda-freios como "Afonso Costa".
Esses é que foram tempos de violência política.
Em Maio do mesmo ano de 1915, um movimento revolucionário contra a ditadura do general Pimenta de Castro provocou uma ou duas centenas de mortos (conforme as fontes) e mais de mil feridos.
Demitido o Governo, foi indigitado como Primeiro-Ministro João Chagas. Vindo de comboio do Porto para Lisboa, durante a paragem no Entroncamento, o senador do Partido Evolucionista João José de Freitas, convencido de que lá dentro vinha Afonso Costa, entrou no comboio disposto a matá-lo. Fez disparos de pistola para dentro do compartimento onde estava João Chagas, o qual ficou ferido com três tiros, um deles tirando-lhe uma vista.
João Chagas já não tomou posse e João José de Freitas, dominado por populares, foi atirado para o cais e linchado.
Conclusões:
Afonso Costa tinha muitos "amigos".
Era perigoso, em 1915, os políticos andarem de transporte público.
Não há comparação entre os verdadeiros atentados da 1.ª República e um rater de mota.
AV é um caguinchas!
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