"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

25 de novembro - Resumo

«Os futuros compêndios de História poderão resumir o evento em escassas linhas: Após um Verão Quente de disputa entre forças revolucionárias e forças moderadas, pela ocupação do poder, civis e militares chegaram ao outono a contar espingardas. O confronto tantas vezes anunciado pareceu por fim inevitável, quando, na madrugada de 25 de Novembro, tropas pára-quedistas ocupam diversas bases aéreas, na expectativa de receber apoio do COPCON. Mas um grupo operacional de militares, chefiado por Ramalho Eanes, liquidou a revolta no ovo, substituindo o PREC (Processo Revolucionário em Curso) pelo “Processo Constitucional em Curso”»

Maria Manuela Cruzeiro, 25 de NOVEMBRO- QUANTOS GOLPES AFINAL?

Início da comunicação apresentada em 2005, no Colóquio sobre o 25 de Novembro, realizado no Museu da República e da Resistência (Lisboa)


Espere sentado... ou você se cansa

As putativas nomeações de Trump para a administração norte-americana variam entre a casa do Big Brother e o circo Cardinali.

Sem disfarces!

Aguardo que a União Europeia reconheça o isolamento a que a vota o "aliado" americano, sem as habituais pancadinhas nas costas, dos Democratas, e procure o seu caminho. 

Já está na altura de sair da casa dos papás, de ter uma vida própria (sem ilusões)!

Mas como isto está... 

as expectativas são baixas... muito baixas!...

Espero sentado...



quarta-feira, 20 de novembro de 2024

José Mário Branco - obra de interesse nacional

Cinco anos após a morte de José Mário Branco, um conjunto de cidadãos, maioritariamente com ligações à Música, entregou à Vice-Presidente da Assembleia da República a petição para que a obra de José Mário Branco seja considerada de interesse nacional.

A recolha de assinaturas continua.


25 de novembro - 49 anos

A sede de ir ao pote é tão grande, que a promoção da operação militar de 25 de novembro de 1975 a sessão solene evocativa anual na Assembleia da República nem esperou por um aniversário mais "redondo", como seriam os 50 anos. 

Quem assim quer comemorar o 25 de novembro quer fazê-lo por oposição ao 25 de Abril. 

E haverá quem ainda fique saudoso da comemoração do 28 de maio.

Se o 25 de Abril teve este ano mais pompa e circunstância pelo seu 50.º aniversário, era preciso, à nova maioria de direita, contrabalançar e aproveitar o contexto político favorável para apressar a sobreposição de uma nova data fundadora do regime. 

Aguardo por uma nova maioria de esquerda - um Presidente, uma Maioria, um Governo (que hoje parece longínqua!) - para ver se a recente decisão da Assembleia da República será revertida. Assim como assim, essa decisão teria o mesmo valor democrático que aquela que foi aprovada na actual conjuntura. 

Parto do princípio que cada um deve poder ter as posições políticas que entende, de que é legítimo assinalar datas históricas - e o 25 de novembro é-o, dentro da lógica de um processo histórico iniciado com o 25 de Abril e concluído, quiçá, com a aprovação da Constituição (2 de Abril de 76) - mas a arrogância efusiva existente nos discursos da direita dá lugar a narrativas falaciosas das situações vividas, exalta apenas as personalidades que lhe são convenientes e enviesa as interpretações históricas.

Alguns que pouco ou nada fizeram - ou cuja família política pouco ou nada fez - arvoram-se em heróis de um combate político que não os teve como agentes.

Se as interpretações podem ser várias (plurais), os factos são únicos. Não os falsifiquem!

Já basta a notícia de que "algumas zonas da Península Ibérica vão ser atingidas pela depressão Caetano."


terça-feira, 19 de novembro de 2024

This Is Not America


 (...)

Snowman melting from the inside
Falcon spirals
To the ground (this could be the biggest sky)
So bloody red, tomorrow's clouds

A little piece of you
The little piece in me
Will die (this could be a miracle)
For this is not America

There was a time
A wind that blew so young
For this could be the biggest sky
And I could have the faintest idea


A política como uma questão de fé

 

Trump sabe o que é uma equipa? 

Fez? Porquê a forma verbal no passado? "Fez toda a diferença." Isto é que é fé! 

"O resultado [em 2016] foi uma mistura necessariamente [sic] promíscua entre política, negócios e família, impossível em qualquer democracia europeia [EM QUALQUER DEMOCRACIA!] , mas não nos Estados Unidos da América (...)" 

Depois do que se tem sabido sobre as futuras nomeações, JMT manterá a sua fé?

Os EUA ainda serão uma democracia (liberal)?


Presta-nome

 

Adoro quando, no futebol, as interpostas tomam as dores dos seus (presumidos) cavaleiros andantes e se arvoram em defensoras técnico-tácticas especialistas da matéria.

Fede um bocadinho!...

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

I talk to the wind

I talk to the wind
My words are all carried away
I talk to the wind
The wind does not hear
The wind cannot hear.

Robert Fripp–guitar Ian McDonald–reeds, woodwind, vibes, keyboards, mellotron, vocals Greg Lake–bass guitar, lead vocals Michael Giles–drums, percussion, vocals Peter Sinfield–words and illumination


Nuvens (fora da gaveta)

 «Assim fiz. (...)












(...) a todos os prefácios que me couberam em sorte pela vida em diante.
Então, terminada a tarefa, pegava em toda aquela farrapada e metia-a numa gaveta, exactamente nesta que abri agora mesmo e fui encontrar cheia de nuvens, de papéis de nuvens que remexi na vaga esperança de se me deparar algum rato escondido...

Mas isso sim. Muitas delas nem forças tinham para se escapulir das gavetas, pesadas de ideias podres. Outras lá conseguiam voar a custo, para logo se desfazerem em chuva miudinha que mal humedecia as ervas rasteiras do tempo.

Mas a maior parte diluía-se no céu deserto, já com o poente ao fundo nos horizontes nus.»
José Gomes Ferreira, Gaveta de Nuvens (Intróito)  

E eis como ficou este post...


Peter Sinfield (1943 - 2024)

Peter Sinfield em 1969

Ainda em 1969, a formação inicial dos King Crimson (com Sinfield, à dt.ª)

Morreu Peter Sinfield, poeta, co-fundador dos King Crimson, cujo nome criou, apesar de ser "apenas" o seu "surreal" letrista no período inicial da carreira do grupo. Só muito ocasionalmente tocou sintetizador.

Dirigia o trabalho de luzes nos concertos, oferecia conselhos sobre o design dos álbuns e orientou outras ações mais discretas.


Islands foi o último álbum em que participou. O poético e prodigioso Islands...
Na ficha técnica a referência: "Peter Sinfield: Words, Sounds & Visions"

Formentera Lady - a faixa de abertura de Islands

Trabalhar com Robert Fripp não deve ser nada fácil - reconheça-se o génio, mas o feitio (ao que se lê e ouve!)... Fripp terá afastado Sinfield do grupo e os King Crimson entraram numa fase completamente diferente. 

Trabalhou posteriormente com muitos outros grupos e músicos, como os iniciais Roxy Music e os Emerson, Lake & Palmer, incluindo, curiosamente, muitos músicos que foram integrando (e desintegrando-se d)os King Crimson (Greg Lake, David Cross, John Wetton, Ian McDonald’s).

Peter Sinfield em 2009


À memória do rei-poeta (que não D. Dinis)


Celeste Caeiro - o acaso do nome da Revolução


«O soldado pediu-me um cigarro. Eu não fumava, nunca fumei. Por segundos, fiquei a pensar como poderia compensar aquele rapaz, ali, em cima daquele carro, a lutar por nós. Estava ali a dar-me uma coisa boa e eu sem nada para lhe dar. Sem pensar, tirei um cravo do ramo que levava e ofereci-lho.
Nunca me passou pela cabeça que, por causa disso, o 25 de Abril viesse a ser conhecido mundialmente como a Revolução dos Cravos.
Nunca se conseguiu encontrar aquele rapaz. Sempre que penso naquele dia choro. Tinha 40 anos, cuidava da minha mãe e da minha filha. Morava no Chiado e adorava a cidade onde nasci. E ainda adoro.
Tenho 90 anos, ouço e vejo muito mal. Comovo-me muito a falar deste dia. Os médicos dizem que me faz mal. Vou pedir à minha neta que lhe conte o resto da história. Viva o 25 de Abril! Se o deixarmos morrer teremos de fazer outro.»
Celeste Caeiro


«Havia sempre nos livros da escola a referência à Revolução dos Cravos. A cada ano, mal recebia os manuais, ia de imediato à procura dessas páginas. Sabia que as professoras, nem que fosse uma vez por ano, haveriam de falar no assunto e que eu, mais uma vez, ficaria em silêncio. Nunca disse na escola que foi a minha avó que deu o nome à revolução. Apesar de todo o orgulho que tenho. Acredito mesmo que aquele gesto foi obra do destino.

A minha avó Celeste é filha de uma espanhola de Badajoz e de pai desconhecido. Com dois irmãos, mais velhos, cresceu na Casa Pia. À minha bisavó custou-lhe até muito deixar ali os filhos, que visitava regularmente. Nunca os abandonou.

A minha avó era a menina favorita da diretora do colégio. Fez o Curso de Enfermagem, mas como tinha problemas pulmonares não pôde exercer. Porém, a menina Celeste foi sempre independente. Nunca se casou com o meu avô. Quando o meu avô se portou mal, tinha a minha mãe 3 anos, separaram-se. Para consolar a minha avó, quis oferecer-lhe um fio de ouro e mais coisas. Mas a minha avó não quis saber dos presentes, nem dele. Sozinha, continuou a cuidar da filha e da mãe.

Em abril de 1974, trabalhava num restaurante. O restaurante fazia um ano no dia 25 de abril. Os cravos eram para dar aos clientes. Com o restaurante fechado, as empregadas ficaram com as flores.
Dá-se então o feliz episódio, no início da Rua do Carmo. Um fotógrafo (Carlos Gil) assistiu à cena. Publicou a fotografia. No dia seguinte a minha avó foi trabalhar. Já os colegas tinham ligado para a Crónica Feminina, que logo a foi entrevistar.

Este ano, esse episódio será reconstituído. A minha avó gostava muito que uma placa assinalasse o local. Algo a dizer que foi ali que nasceu o nome Revolução dos Cravos. Ou até ter ali uma pequena estátua.

Falar do 25 de Abril emociona-a muito. Nestes períodos, fica melancólica. Acreditamos que o AVC que sofreu pouco depois das comemorações dos 25 anos de Abril terá tido a ver com as emoções que sentiu. No entanto, tem sido muito ignorada por todos.

Não há fotografias da minha avó com 40 anos. No incêndio do Chiado, perdeu a casa e todos os pertences. As fotografias arderam. Foram-se todas as recordações. Vive há anos num prédio a cair aos bocados, perto da Avenida da Liberdade. Podia viver com a filha e a neta em Alcobaça. Mas à minha avó, alfacinha de gema, ninguém a consegue tirar de Lisboa.

A minha avó, que continua a prestar muita atenção às notícias, está muito preocupada com o país. Na noite das últimas eleições, ao contrário do que é hábito, foi deitar-se cedo. “Não estou para ver esta miséria.” A mim ensinou-me desde miúda que o valor mais importante é o da liberdade."

Carolina (23 anos, mestre em Direito, quer ser magistrada)

Depoimento recolhido por Alexandra Tavares-Teles, Diário de Notícias, 23/04/2024


Celeste Caeiro faleceu hoje, aos 91 anos.


terça-feira, 12 de novembro de 2024

Foste ao futebol sem mim

1958 (ano em que nasci), Maria de Fátima Bravo (minha vizinha nos meus primeiros anos de vida) e o futebol... Canção dos Manos Alexandre, do filme O Tarzan do 5.º esquerdo.



domingo, 10 de novembro de 2024

Que apoio aos Directores de Turma?

 

O que se espera que façam "140 técnicos superiores para apoio administrativo às direções de turma"?

Calculando o número total de turmas das centenas de escolas, a diversidade de tarefas/problemas, a variedade de documentos existentes nas várias escolas e/ou agrupamentos... É para rir!

Não há professores e há "técnicos superiores" para apoio? Quem são estes (potenciais) técnicos?

Ainda os professores vão ajudar à formação destes técnicos...

Estamos a brincar ao faz de conta!...


Bad news on the doorstep



Oh, and while the king was looking down,
The jester stole his thorny crown.
The courtroom was adjourned;
No verdict was returned.
And while Lennon read a book of Marx,
The quartet practiced in the park,
And we sang dirges in the dark
The day the music died.


América




And walked off to look for America

I've gone to look for America

They've all come to look for America
All come to look for America


sábado, 2 de novembro de 2024

Camilo Mortágua (1934 - 2024)

Faleceu ontem Camilo Mortágua.  

Pai das gémeas Mortágua (Joana e Mariana), dirigentes do Bloco de Esquerda, Camilo Mortágua destacou-se por ter participado em acções arrojadas contra o Estado Novo.

A primeira foi em Janeiro de 1961, no assalto ao paquete Santa Maria - a Operação Dulcineia, organizada pela Direção Revolucionária Ibérica de Libertação (DRIL) e comandada pelo Capitão Henrique Galvão. Do grupo faziam parte 11 portugueses, 11 espanhóis e 2 venezuelanos. Durante quase duas semanas o navio, rebaptizado com o nome de Santa Liberdade, navegou no oceano Atlântico sem rumo definido, fazendo campanha contra as ditaduras ibéricas.

Esta ação, iniciada a 22 de Janeiro, terminou no início de Fevereiro, quando o paquete entrou no porto do Recife (Brasil) e foi ocupado por fuzileiros navais.

Ainda em 1961, a 10 de Novembro, participou no desvio de um avião da TAP que fazia a ligação Casablanca - Lisboa, com o objectivo de sobrevoar a capital e lançar folhetos de denúncia do regime - Operação Vagô, executada por 5 homens e uma mulher, chefiados por Hermínio da Palma Inácio. Mais de 100 mil panfletos da Frente Antitotalitária dos Portugueses Livres no Estrangeiro, denunciando a "farsa fraudulenta" das eleições para a Assembleia Nacional que iam decorrer 2 dias depois, foram lançados sobre Lisboa, Setúbal, Barreiro, Beja e Faro. O avião regressou a Marrocos (e o Brasil autorizaria o asilo político).

A 17 de Maio de 1967, com Palma Inácio, entre outros, participou no assalto à filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz, com o objectivo de financiar novas acções contra a ditadura. Os assaltantes fugiram numa avioneta estacionada no aeródromo de Cernache, para o Algarve (aterraram numa herdade) e, depois, já por terra, seguiram em direcção a Paris.

Operação Mondego rendeu cerca de 30 mil contos, mas... 80% das notas desviadas foram anuladas pelo Banco de Portugal, por não terem ainda entrado em circulação. Em 30 de Junho de 1967, o Banco de Portugal publicou um aviso no qual referia: "(…) as notas roubadas não foram postas em circulação pelo que não possuem curso legal e poder liberatório, nem são susceptíveis, a qualquer tempo, de reembolso ou troca (...)". 

Condenado à revelia a 20 anos de prisão por participar no assalto, Camilo Mortágua já estava em Paris quando soube da pena. Depois do 25 de Abril foi amnistiado por ter sido considerado que se tratava de um crime político.

Na sequência desta acção, a 19 de Junho, foi fundada a Liga de Unidade e Acção Revolucionária (LUAR), em Paris (onde estava a maioria dos assaltantes da Figueira da Foz). Entre os seus dirigentes, para além de Camilo Mortágua, contaram-se Palma Inácio, Emídio Guerreiro, José Augusto Seabra e, mais tarde, Fernando Pereira Marques. 


Curiosamente, só foi preso... depois do 25 de Abril de 1974 (ouvi a referência pelo próprio, numa sessão filmada no Museu do Aljube), não sei exactamente em que circunstâncias.

Foi condecorado por Jorge Sampaio com o grau de Grande Oficial da Ordem da Liberdade, em 2005.

Escreveu Andanças para a Liberdade, 2 volumes, em que partilha as suas memórias de resistência e luta contra a ditadura. 


Jorge de Sena - Hei-de ser tudo...

Hei-de ser tudo o que eles querem:
a raiva é toda de eu não ser um espelho
em que mirem com gosto os próprios cornos,
as caudas com lacinhos, e os bigodes
de chibos capripédicos.
Não sou sequer imagem.
Mas voz eu sou
que como agulha ou lança ou faca ou espada
mesmo que não dissesse da miséria
de lodo e trampa em que se espojam vis
só porque existe é como uma denúncia.

Hei-de ser tudo, não o sendo. Um dia
– podres na terra ou nos caixões de chumbo
estes zelosos treponemas lusos –
uma outra gente, e limpa, julgará
desta vergonha inominável que é
ter de existir num tempo de canalhas
de um umbigo preso à podridão de Impérios
e à lei de mendigar favor dos grandes.
Jorge de Sena, 9.12.1972


Jorge de Sena nasceu a 2 de Novembro de 1919.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Terramotos, ermida e escadinhas

Com o terramoto de 1 de Novembro de 1755, caiu o Carmo e a Trindade, mas Campo de Ourique escapou à justa, res-vés. 

E uma ermida foi construída na actual rua do Arco do Carvalhão, mandada erigir pelo proprietário daquelas terras, pela graça de se ter salvo.


A Ermida do Senhor Jesus dos Terramotos começou a ser construída a partir de 1756, há quem diga que rapidamente se construiu e há quem diga que só ficou pronta ao fim de 40 anos. 

Serve atualmente como Capela, embora só abra uma vez por ano (dizem), exactamente em 1 de Novembro, para comemorar o facto desta zona ter escapado ao terramoto. Mas o interior estará ao abandono (dizem). No princípio de 2018, o Público desenvolvia uma notícia sobre desaparecimento de arte sacra , a que estaria ligado o próprio padre da paróquia de Santo Condestável, responsável pela capela (um conhecido do Presidente Marcelo...).

Junto a ela as Escadinhas dos Terramotos, que ligam a Rua Maria Pia e a Rua do Arco do Carvalhão (nome relacionado com família Carvalho, do Sebastião José - Marquês de Pombal - proprietária de largas propriedades por estas bandas).  





As escadinhas, em 1944, conforme se iam subindo 

Hoje, o aspecto é bem diferente...

Pesquisem no Google Maps.


1 de Novembro de 1755 - Lisboa pulou e balançou

«[…] no primeiro dia de novembro, em um sábado, quasi às 10 horas estando o céu sereno e quieto o mar, precedendo um ruído subterrâneo muito horroroso que acompanhou o tremor começou o território de Lisboa a tremer de sorte que dentro de pouco tempo se sentiu abalar a terra por vários modos. Porque não somente se movia pulando para cima, mas também dava uns balanços como que a modo de Embarcação umas vezes se inclinava de Nascente para Poente; outras de Norte para o Sul…»

Padre António Pereira



Ao momento...


 

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Meddle

Editado a 31 de Outubro de 1971, ano de uma colheita fabulosa!

Um bom conjunto de canções no lado A, que abre com uma forte linha de dois baixos (Waters reforçado com Gilmour) e segue com Nick Mason a cantar (cantar?), passa por uma acústica e suave Pillow of wind - A cloud of eiderdown draws around me / Softening the sound - pelo empolgante You'll never walk alone dos adeptos do Liverpool, por uma jazzy pianística e divertida San Tropez e pela vocalização muito bluesy de Seamus, um cão com excelente ouvido. 

O lado B é cristal, uma longa viagem (experiência) sonora, um diálogo musical entre Rick Wright e David Gilmour (incluindo as vozes) - Echoes. Irrepetível! 

A abertura do disco - One of these days

Escusado dizer que gosto muito de Meddle


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Grace Slick chegou aos 85!...


Era difícil de prever, com o estilo de vida que levou! Mas o Mick Jagger também anda por aí e recomenda-se...

Fala-se da sua voz como uma das grandes vozes femininas do rock, da "cena psicadélica" de S. Francisco - geração do power flower.
Não conhecendo muito da sua carreira musical e sem desmerecer a voz, penso que lhe era dada maior atenção pela sua beleza física - pelo seu sex appeal - do que propriamente pelas suas interpretações, salvo meia dúzia de sucessos. 

Vocalista de bandas como os Jefferson Airplane, Jefferson Starship ou Starship sem Jefferson, numa carreira que se prolongou por um quarto de século, quando se fala nos seus êxitos musicais vêm sempre à baila o álbum Surrealistic Pillow (1967) e as canções White Rabbit e Somebody to love, integrantes desse disco dos Jefferson Airplane.

Conheci-a (musicalmente falando) no filme do Festival de Woodstock, cantando... essas duas canções. 



domingo, 27 de outubro de 2024

Here comes the Sun



Uma manifestação justa

 

Ouvi na televisão intervenções de participantes/organizadores (?) da manifestação convocada pelo movimento Vida Justa.
Foram de grande assertividade, mas também de um grande bom senso e moderação, tocando nos pontos certos: as condições de vida das populações dos bairros periféricos, as formas de actuação das forças de segurança, a justiça que se pretende para o caso da morte de Odair Moniz.

A sensatez começou logo pela mudança feita pelos organizadores no percurso inicialmente previsto para a sua marcha, prevenindo eventuais confrontos com manifestantes do contra-protesto organizado pelo Chega, alegadamente em defesa da Polícia.
Quando as entidades oficiais nada obstaram a que duas manifestações "rivais" pudessem desaguar no mesmo local... 

Entretanto, assinei, como mais de 110 mil pessoas (até ao momento), a petição que defende, junto do Ministério Público, a abertura de inquérito criminal, por instigação e apologia à prática de crime, incitamento à desobediência colectiva e ofensa à memória de pessoa falecida, contra André Ventura, Pedro Pinto e Ricardo Reis. 

Também acho bem a investigação e a sanção dos crimes de destruição do património, público ou privado, ou do exercício de violência sobre outras pessoas.


sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Crime of the century - 50 anos da edição

Meio século...

Do tempo da Música... 

Um clássico do pop/rock progressivo, com um som limpo, que colocou os Supertramp noutro patamar (mais acima, não abaixo...).

School - o tema de abertura do disco
Impossível de esquecer... para quem, naquela época pós 25 de Abril, andava na School (Liceu).


quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Cidadania revista e aumentada


Exemplo de noções de cidadania que deverão ser consideradas na revisão da disciplina de Cidadania.


Ele não sabe o que é ironia


«"Síndrome comportamental com caraterísticas de um distúrbio de desenvolvimento” é a definição mais usual e comummente conhecida para esta perturbação [do espectro do autismo]. Caracteriza-se essencialmente por desvios qualitativos em três áreas essenciais: comunicação, interação social e uso da imaginação com reflexos no comportamento. 

A tríade caraterística apresenta, ao nível da comunicação, dificuldades em “utilizar com sentido todos os aspetos da comunicação verbal e não-verbal. Isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal”. No que diz respeito à interação, há constantemente “dificuldade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções e a dificuldade na discriminação entre diferentes pessoas”. A imaginação (...) é caraterizada pela sua “rigidez e inflexibilidade”.»

Copiei esta passagem de um estudo científico sobre o Espectro do autismo numa situação específica de ensino, porque acho que se aplica por inteiro ao senhor deputado e aos seus apaniguados.

O Ministro da Agricultura aconselharia a que bebesse mais verde tinto - penso eu de que...


segunda-feira, 21 de outubro de 2024

As marradas ideológicas à disciplina de Cidadania

Anunciou Luís Montenegro (LM), no Congresso do PSD, que uma das próximas prioridades do seu Governo é libertar "das amarras a projectos ideológicos e de facção" a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.

Feliz o país cujo maior problema na área da educação seja o conteúdo curricular de uma disciplina cuja carga horária é de uma hora semanal do 5.º ao 9.º ano do Ensino Básico, para além de abordagens temáticas feitas no 1.º ciclo. 

LM quer essa disciplina sem "amarras ideológicas". LM quer uma Cidadania neutra - asséptica, de natureza incolor, inodora e insípida. 

Porque LM é asséptico, incolor, inodoro e insípido.

E umas largas dezenas/centenas (?) de "borregos" exultaram, bateram palmas - das mais expressivas no Congresso - não que façam ideia dos temas abordados na disciplina de Cidadania e dos seus possíveis desenvolvimentos, mas, certamente, porque estão de acordo que o exercício da Cidadania e a sua aprendizagem é neutra, é asséptica, incolor, inodora e insípida - sem marcas ideológicas.

A ideologia é que é o diacho!...

E em que se deve basear a "nova" disciplina de Cidadania? Na Constituição da República - o objectivo é "reforçar o cultivo dos valores constitucionais".

Será que, a seu ver, a Constituição não tem amarras ideológicas? É neutra? Uma Constituição asséptica, incolor, inodora e insípida? A actual Constituição é igual à do Estado Novo? Não exprime valores e princípios, uma visão da sociedade e uma formulação do Estado que se pretende construído e a construir? 

Quando, no preâmbulo de 76, A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno, não há marcas ideológicas?

A Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (ENEC), sustenta que a disciplina “integra um conjunto de direitos e deveres que devem estar presentes na formação cidadã das crianças e dos jovens portugueses”. Objectivo? Que sejam, no futuro, “adultos e adultas com uma conduta cívica que privilegie a igualdade nas relações interpessoais, a integração da diferença, o respeito pelos direitos humanos e a valorização de conceitos e valores de cidadania democrática”.

A concepção da disciplina de Cidadania tem na sua base a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Convenção Sobre os Direitos da Criança e os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas, e... a Constituição da República. 

São estes documentos que consubstanciam projetos ideológicos de facção? Quais serão, em alternativa, aqueles que se oferecem para base da revisão da disciplina?

Como bem diz Filinto Lima, o representante dos directores escolares, em frase reproduzida no título de um artigo do Público, “A disciplina de Cidadania não é um problema das escolas. É um problema dos políticos”.

As prioridades apresentadas por LM no Congresso pretendem, em parte, "secar" algumas propostas do Chega, entre elas o "corte das amarras ideológicas" da disciplina de Cidadania. Nessa estratégia, as orientações de Cidadania "vão com os porcos". Poucas pessoas as conhecerão, mas a ignorância não impede que se aplauda a apregoada limpeza ideológica - se é ideologia cheira a "esquerdame" perigoso! A direita está livre dessas sombras: é ideologicamente asseada - asséptica, de natureza incolor, inodora e insípida. 

Os que propõem e aplaudem nem reflectirão sobre a impossibilidade da neutralidade dos princípios e dos valores no exercício da Cidadania.

Repito: a Cidadania não pode ser asséptica, incolor, inodora e insípida, sem marcas ideológicas. Os valores e os princípios da Cidadania como o Chega os defende, não são os de uma sociedade livre e democrática, respeitadora dos Direitos Humanos. Não são os meus valores e não são os que estão definidos na nossa lei fundamental. 

Se Montenegro quiser, de facto, que a disciplina assente na Constituição, não quebrará amarras nenhumas, porque não terá de alterar nada de significativo. 

Aos valores e princípios da Constituição República sinto-me completamente amarrado. 

Quem não está... que vá amarrar para outro lado!...


sábado, 19 de outubro de 2024

Tubitek Lisboa - 4.º aniversário

 

A discoteca onde procuro aquilo que quero encontrar (nem que venha do Japão!...).

Parabéns! 
E muitos anos de vida (para quem não é do digital continuar a comprar o que na música é material)...


sexta-feira, 18 de outubro de 2024

João Luís Barreto Guimarães - mais um!

Prémio!
Para o médico que põe Vermeer/Delft nas suas capas de poesia.

 

Coincidindo com a edição de Claridade.

«Quem vai do Porto para Leça ao
longo da auto-estrada (divisando os
navios lá no Porto de Leixões)
no fim da ponte à direita vira
para o centro hípico
(serpenteando a avenida tendo
por bombordo o cais)
adiante vê o forte da Senhora das Neves
alguns cem metros à frente começa
a marginal. Daí já se vê o farol para lá
dos prédios brancos
não é difícil ter lugar para estacionar.
Toca no sexto direito. Estou
sempre por aqui. Ou então
não venhas hoje.
Faz como te apetecer.»


quinta-feira, 17 de outubro de 2024

António Ramos Rosa - centenário do nascimento

«Ele queria desaprender a lógica implacável
do seu discurso
Por mais que quisesse a sua mente era um tumulto 
de relações de imagens e de ideias
Poderá ele alcançar a simplicidade elementar
e viver ao nível da existência em cada acto necessário
sem querer envolver-se nas múltiplas motivações
nem determinar o que em si é confuso e obscuro?
Talvez ele consiga viver num espaço transparente
para além da confusão
e respirar o que está para além das palavras e dos gritos
o silêncio das subtilezas vivas das evidências simples
Se o conseguisse poderia estar no mundo iluminado pelo mundo
e sobre o seu solo sentiria a solidez da sua identidade»

António Ramos Rosa nasceu a 17 de Outubro de 1924.


segunda-feira, 7 de outubro de 2024

António Borges Coelho - 96 anos

«Do saco sem fundo das palavras retirei Amizade e Esperança. 

A Amizade vive do idêntico e do contrário, sustenta a claridade dos dias. A qualquer momento, perto ou longe, liga a memória e os afetos. Povoa a solidão. Fortalece. Suspensos pelos laços conseguimos saltar sobre o fundo dos abismos.»

António Borges Coelho, Crónicas e Discursos (2024)


No dia do seu 96.º aniversário, parabéns ao cidadão, ao professor, ao ser humano.