"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 27 de março de 2022

S. Jorge, estiraçada a outro comprimento

«O mar está espelhado e o céu tão espelhado como o mar, com brancuras de algodão, e nuvens meio adormecidas, orladas de cinzento. Tudo tão branco e parado que parece que o tempo suspendeu a sua marcha. Olho para o mar com rastejados de caracol e pedaços brancos iluminados por dentro. Ao longe vai aparecendo e acompanha-me sempre outra ilha. S. Jorge, estiraçada a outro comprimento. Já percebi que o que as ilhas têm de mais belo e as completa é a ilha que está em frente.»

Raul Brandão, As ilhas desconhecidas

Em primeiro plano, a vila de Velas.
Ao fundo, a ilha do Faial. Sobre a esquerda, a ilha do Pico
Fotografia de 2008, o último ano em que estive em S. Jorge.

No centro do grupo central (mais central era difícil), S. Jorge é um território insular com 56 km de comprimento e apenas 8 km de largura máxima, com uma cadeia de relevos em posição central, criado por uma série de episódios vulcânicos, no seguimento uns dos outros, mas espaçados no tempo. 

A orla costeira é escarpada e alta, erguendo-se verticalmente do mar. Na base das arribas, encontram-se as numerosas fajãs (a que havemos de voltar, porque de Velas e de fajãs agora muito se fala).



S. Jorge, com a ilha do Pico em frente.
Foto de 1994, o ano em que conheci as ilhas.


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