"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 28 de março de 2022

S. Jorge, o sáurio que dorme

«Não sabem como são as fajãs? Imagine-se uma linha de falésias em sucessão ao longo de toda a costa, a norte e a sul da ilha. Para melhor o imaginar, é preciso "ver" a grande muralha verdejante: não inteiramente a pique, antes em declive e em erosão; sobre ela, como um manto de lã tinturada a verde de urze e faia, toda uma coberta vegetal de rara unidade e harmonia. Quando a falésia abate, ou se do alto ela se despenha, formam-se sobre o mar uns terreiros desabados que as forças da natureza moldam e afeiçoam à sua maneira (...). Fajãs são breves territórios postados como esfinges deitadas sobre a linha do mar. Tangidas pela ilha-mãe, vogam como crias ao lado de quem as pariu. As fajãs fazem a pura e inocente beleza de S. Jorge. Sob nomes que tanto lembram Deus como o Diabo: Além, Ouvidor, Cubres, Santo Cristo, a norte; Almas, Vimes, Bodes, Labaçal, ao sul.»

João de Melo, Açores - o segredo das ilhas


Fajã da Caldeira de Santo Cristo

Fajã do Ouvidor

Fajã dos Cubres


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