"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 19 de julho de 2019

A Ronda da Noite em Portugal

«Em 19 de Julho de 2006, Agustina colocava um ponto final no que viria a ser o seu último manuscrito, A Ronda da Noite. No enredo do livro, já perto do final, o protagonista, Martinho Nabasco, sente receio de vir a sofrer um derrame, dado um conjunto de sintomas suspeitos que começa a experimentar.
(...)
Mónica Baldaque é peremptória:"Sinto que foi a despedida, consciente. Nunca a vi trabalhar com um esforço interior tão grande como na escrita desse livro. Havia uma entrega, uma ausência..."»
Isabel Rio Novo, O poço e a estrada - biografia de Agustina Bessa-Luís


«Maria Rosa ficou impassível, tanto mais que A Ronda era para ela um património que nunca entrara em partilhas e a que não lhe interessava pôr um preço. Sempre esteve convencida de que era uma cópia do atelier do pintor e que, por isso, tinha um valor incalculável. Alguma coisa lhe dizia que A Ronda não estivera guardada mas escondida propositadamente desde que a duquesa de Mântua, regente de Filipe IV, saíra de Portugal com um espólio que carregava mais de cem burros. Ou porque A Ronda fosse demasiado grande para ser transportada, sobretudo transportada sem dar na vista, ou porque o saque não a incluía por estar num palácio das cortes de aldeia, o facto é que não saiu do país.»
Agustina Bessa-Luís, A Ronda da Noite



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