"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sábado, 12 de agosto de 2017

Procissão do Corpo de Deus - painéis de Martins Barata

A procissão do Corpo de Deus no início do século XV, em Lisboa, nos painéis de Jaime Martins Barata (1955).
Os dois painéis foram executados para o Ministério das Corporações e podem ser vistos no Convento de Santos-o-Novo (sala de entrada do Recolhimento).


No primeiro painel, a procissão à saída da Sé. 


No segundo, a procissão na zona do Rossio; sob o pálio, o rei D. João I.



Em ambos, no meio das figuras "institucionais" (clero secular e regular, cúria patriarcal, confrarias, irmandades), a presença de figuras que, no reinado de D. João V, foram eliminadas, apagando-se os elementos das tradições pagãs - os excessos heterodoxos de dragões, serpentes, foliões... - a favor de uma encenação cerimoniosa e solene, verdadeira demonstração do poder real absoluto e do peso da Igreja.  


Pormenores dos painéis
 «(...) não vão na procissão tourinhas, gigantes, serpe, drago e esparteira, carros e as mais cousas semelhantes, que costumavam dar os ofícios, nem dança alguma, nem os mouros que costumavam ir junto a S. Jorge; que na procissão não vá palio de lã, mas outro mais rico; que o senado mande lançar cadeias nas bocas das ruas que vão sair às da procissão.»
Carta do Secretário de Estado Diogo de Mendonça Côrte-Real ao Senado da Câmara de Lisboa, de 12 de Maio de 1717

Martins Barata - Estudo (Dança da luta)

Martins Barata - Estudo (Figuras satíricas)


2 comentários:

  1. Não será difícil, penso... estando em Lisboa! Aproveitei a iniciativa de umas jornadas do património ou coisa assim, mas julgo estarem acessíveis ao público.

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