Há trinta e cinco anos que nasci.
Foi um calvário lento esta subida!
Chuva, granizo, neve, e o que não vi
Que era um sol frio e me gelava a vida...
De vez em quando uma bandeira erguida
Lá muito longe, ao fim da encosta, ali
Onde a vista só chega comovida...
Era outro Homem que passava aí.
Nem uma telha contra essa invernia!
A própria pele humana que trazia
Tornou-ma em carne viva o aguaceiro...
Falta chegar ao fim, à cruz e ao fel.
Fazer a sério o resto do papel,
Até que o tempo corra o reposteiro.
Miguel Torga, Diário II (12 de Agosto de 1942)
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