A cidade robusta e alcantilada, áspera, de granito escurecido pelo tempo, com a Ribeira caótica na base, servindo de rodapé do velho burgo; as torres e muralhas, os mosteiros, o sol coado pela neblina, os seus nomes locais - Campanhã, Leça, Carreiros, Cedofeita, Cantareira, Cabedelo e tantos outros (...) tudo tenho gravado a nostalgia na retina da-i-alma. Até o sotaque dos naturais - Poârto! - me tem um eco ibero-linguístico!
Visitas posteriores me consolidaram nessas primeiras impressões. O Porto era em tudo diferente: o bastante para mo tornar querido. O que ele tinha de nórdico e pomposo (...) davam-lhe uma grandeza e respeitabilidade burguesa que nunca me soube inspirar a minha Lisboa das "gaiolas sem carácter, da caliça esboroada, da greda pegajosa e do intratável basalto: apesar do muito que lhe quero (polígamo!) e da sua luminosidade, tenho em mim o culto atávico dos pedreiros construtores de eternidades. E depois, barroca e pitoresca como Nápoles, Lisboa era do Sul, e o Porto era o Norte (...) Tudo nele me era a um tempo exótico e por isso, paradoxalmente, mais Português, mais Nação, mais Nós (...)»
José Rodrigues Miguéis
Dórdio Gomes - Barredo (1935) |
o Porto é lindo!
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