Um esquecimento negro caiu sobre Raul Brandão, por exemplo, e quase o sepultou pela segunda vez. As últimas edições dos seus livros, paradas no mercado há mais de dez anos, nem quase se vêem já nos mostradores, onde no entanto abunda tanta farfalha impressa. Porquê? Perdeu o grande escritor a actualidade dos seus temas, o timbre da sua voz sincera e humana como poucas, a impressividade das suas páginas? Quanto aos temas, o fundo populista de Os Pobres, de Húmus, de A Farsa, tão vivo e pungente (e falo de populismo por ser uma tendência que parece estar na moda em ficção novelística), lá está a atestar que não é por falta de uma relação forte entre a obra de um morto e os seus sobreviventes e pósteros imediatos que os seus livros não são lidos e cotados nos recontares dos letrados.»
Vitorino Nemésio, Raul Brandão, esquecido, in Diário Popular, 7 de Dezembro de 1949
Raul Brandão nasceu a 12 de Março de 1867, na Foz do Douro.
Foz do Douro
Sem comentários:
Enviar um comentário