"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

terça-feira, 29 de março de 2016

Apelo às autoridades angolanas


Os 17 activistas angolanos foram condenados a penas de cadeias entre os 2 e os 8 anos de prisão.

"A Amnistia Internacional considera-os prisioneiros de consciência e apela às autoridades angolanas que sejam imediata e incondicionalmente libertados. Ajude-nos assinando este apelo."

Apelo aqui.


Fotografias do trabalho corticeiro (e notícia de outras muitas mais)

O Observador recordou, hoje, como era o trabalho em Portugal entre os anos 40 e os anos 70 do século XX.
A fonte é o arquivo da Biblioteca de Arte / Art Library Fundação Calouste Gulbenkian, uma base com mais de 17 500 fotos. Há um largo conjunto de fotografias do estúdio de Horácio Novais.
Vale a pena viajar por essas fotografias, organizadas por álbuns temáticos.

Seleccionei as fotos relacionadas com a indústria corticeira, tiradas na fábrica Robinson, em Portalegre, por Luís Pavão, em data desconhecida. 








Confirmou-se: ler é perigoso!

«O caso da prisão de Luaty Beirão e dos seus amigos revela mais uma vez a verdadeira face do regime angolano: um regime bondoso, justo e preocupado com o bem-estar dos seus cidadãos. Os activistas foram presos por estarem a ler um livro, o que constitui um dos mais engenhosos incentivos à leitura de que me lembro.

O programa Ler +, do nosso Ministério da Educação, empalidece junto do programa Ler -, levado a efeito pela polícia angolana. É sabido que os jovens nutrem especial predilecção pelas actividades clandestinas. Se o Estado os incentiva a ler, lêem menos; se proíbe a leitura, em princípio, lêem mais. É raro o aluno que lê com gosto as obras de leitura obrigatória, nos programas escolares portugueses, mas aposto que todos gostariam de saber mais acerca das obras de leitura proibida pelo regime angolano. Eu próprio, que considerei indigesta a obra "Eurico, o Presbítero", que me obrigaram a ler, já encomendei o livro "From Dictatorship to Democracy, A Conceptual Framework for Liberation", que o regime angolano não deseja que seja lido.»
Ricardo Araújo Pereira, Visão - 22 de Outubro de 2015


Por terra, mar e ar...

O amor é louco!...






sábado, 26 de março de 2016

Como se acerta um relógio destes?

Relógio de Sol (séc. I)  (reconstruído)


Agnus Dei


O Cordeiro Místico no tímpano do portal Sul da Igreja do Divino Salvador (matriz de Bravães)

O cordeiro de leite, simbolizando a pureza, a inocência e a docilidade, é a vítima sacrificial por excelência de judeus, muçulmanos e cristãos, de que a celebração da  Páscoa é o exemplo.

«Deitem fora o fermento velho, a fim de se tornarem massa para um novo pão; um povo que, à semelhança do pão sem fermento da festa da Páscoa,não sofre de impureza alguma pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, já foi morto.» (1 Coríntios, 5:7)
O cordeiro foi a forma simbólica dos primeiros cristãos representarem Cristo e o seu sacrifício. 

Um cordeiro com uma cruz com sangue a escorrer do seu lado para um cálice é o Agnus Dei, o Cordeiro de Deus, e simboliza Cristo Crucificado e a Eucaristia. 


Revisitação de afectos

Há momentos ou acontecimentos que, à falta de um futuro possível, nos remetem para o passado, o mais longínquo que conseguimos.

As viagens à infância são viagens de revisitação de afectos, encontro com o que fomos (ou a sua reconstrução) e com a memória de pessoas que podem já cá não estar.
Uma forma de frequência de um mundo perdido.



sexta-feira, 25 de março de 2016

Comemorando a Páscoa?





Lágrimas

Rogier van der Weyden, Deposição

«Entra a Semana Santa, e a Mãe visita com ele as sete igrejas da praxe, todas soturnas de velas que tremeluzem na expectativa da Ressurreição, e com santos nos seus altares, sinistramente tapados por panos roxos de que se desprende o bafio de muitas humidades. E lá por trás, cristalizados em suas teatrais atitudes, derramam eles lágrimas copiosas pela Paixão do Senhor, aguardando o tilintar das campainhas da aleluia. Ajoelha então à beira da Mãe, contrito dos seus pecados de crueldade e desobediência, e o coração do rei que tanto ama a cidade que lho oferece como prova da sua ternura goteja lentamente, coroado como o Divino Mestre por espinhos que se entrelaçam.»
Mário Cláudio, Astronomia




segunda-feira, 21 de março de 2016

Bateu leve, levemente...


Lisboa, Jardim das Conchas (hoje)
Fotografia de Maria Orlanda Maia


Sinto que me falta...

Tríptico
«(...)
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,

que te procuram.»
Herberto Helder, A colher na boca


Chá português



Será que dá para ver?
Dúvidas "técnicas"...


domingo, 20 de março de 2016

Um arco-íris que se eleva do mar




Lisbo'agora


Praça de S. Paulo (Lisboa), quase no momento...


Domingo de Ramos

«No dia seguinte, a grande multidão que tinha ido a Jerusalém para a festa da Páscoa teve conhecimento de que Jesus ia entrar na cidade. Toda aquela gente pegou em ramos de palmeira para ir ao seu encontro e gritava:
          "Glória!
          Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor!
          Aquele que é o rei de Israel!"»
João, 12:12-13




You can never hold back Spring




No equinócio da Primavera

- Vem!
grita ela mergulhando
nas águas claras

sentindo na sua nudez
o frio inclemente dos lagos
a subir do seu âmago mais fundo

Mas ele fica calado
como se a interrogasse
juntando o seu silêncio à beira-face

no côncavo das mãos

Enquanto os animais
começam a sair, ainda indecisos
dos covis, das cavernas e das grutas

dos esconderijos das matas

farejando o ar gelado
das florestas, dos bosques
com as línguas ásperas-ávidas

a tentarem degustar o tempo

- Equinócio da Primavera
afirma a deusa das árvores
com os seus cabelos fulvos

enquanto o bronze
dos seus galhos se enchama
de pequeníssimas corolas e folhas

Equador celeste! - clama

Só então começa a despontar
a luz mais ampla


Maria Teresa Horta



sexta-feira, 18 de março de 2016

Sei que nada será como está...

Lula foi empossado
Suspensa posse de Lula
Lula foi empossado
Suspensa posse de Lula
Lula foi empossado
Suspensa posse de Lula
Lula foi empossado
Suspensa posse de Lula?



Vou-me deitar na dúvida se Lula é ministro ou não!




O caçador

«Um dia um caçador… Não, ele não era caçador. Ia hoje à caça pela primeira vez. Uns desgostos levaram-no a experimentar a caça. Sobretudo, porque os caçadores chegam estafados à cama e dormem com os inocentes. E para que não lhe perguntassem o que fazia pelos campos, foi comprar uma farpela de caçador e todos os seus pertences, ajudado pelo catálogo de St. Étienne. Por conseguinte, era uma vez um rapaz vestido de caçador.»
Almada Negreiros



domingo, 13 de março de 2016

Mozart e as suas 3 últimas sinfonias

Dia de barrigada de Mozart.
No CCB, com a Orquestra de Câmara Portuguesa, de Pedro Carneiro, as 3 últimas sinfonias (n.ºs 39, 40 e 41).

O verão de 1788 foi sinfonicamente produtivo para Mozart. O tempo não estaria bom para a praia, Viena já não teria encantos para o compositor ou foi mesmo o problema da falta de "cobres" na sua algibeira.
No espaço de 3 meses - de Junho a Agosto - escreveu aquelas que seriam as suas últimas sinfonias. Saberia Mozart?

Não há certeza de que tenham sido executadas em vida do seu autor.
Nikolaus Harnoncourt, falecido há dias, falava, a propósito destas sinfonias, das mais representativas da obra de Mozart, num "tríptico indissociável", "um ciclo fechado" de "oratória sem palavras".

Deixo aqui um Harnoncourt expressivamente maravilhado com Mozart.

Sinfonia n.º 41, Júpiter

«Sabendo que Mozart era um homem não podemos perder a esperança na Humanidade.»
(Albert Einstein)


sábado, 12 de março de 2016

Raul Brandão, esquecido

«Uma literatura faz-se com vivos e mortos. Não só a ficção os junta na sua comunidade milagrosa, como têm prazo dado na imaginação do leitor, que sente a sombra do escritor morto, de ontem ou de há seis séculos, na inspiração e no estilo do escritor contemporâneo. (...)
Um esquecimento negro caiu sobre Raul Brandão, por exemplo, e quase o sepultou pela segunda vez. As últimas edições dos seus livros, paradas no mercado há mais de dez anos, nem quase se vêem já nos mostradores, onde no entanto abunda tanta farfalha impressa. Porquê? Perdeu o grande escritor a actualidade dos seus temas, o timbre da sua voz sincera e humana como poucas, a impressividade das suas páginas? Quanto aos temas, o fundo populista de Os Pobres, de Húmus, de A Farsa, tão vivo e pungente (e falo de populismo por ser uma tendência que parece estar na moda em ficção novelística), lá está a atestar que não é por falta de uma relação forte entre a obra de um morto e os seus sobreviventes e pósteros imediatos que os seus livros não são lidos e cotados nos recontares dos letrados.»
Vitorino Nemésio, Raul Brandão, esquecido, in Diário Popular, 7 de Dezembro de 1949

Raul Brandão nasceu a 12 de Março de 1867, na Foz do Douro.



Foz do Douro

Raul Brandão - comemorações dos 150 anos do nascimento


in Reflexo Digital, 10 de Março de 2016

quarta-feira, 9 de março de 2016

So long, farewell, auf wiedersehen, adieu...




Literariamente bem escrito

Miguel Torga em Macau

A 9 de Junho de 1987, na sua visita a Macau, Miguel Torga afirmou, numa conferência no Salão Nobre do Leal Senado:
«Não somos um povo morto, nem sequer esgotado. Temos ainda um grande papel a desempenhar no seio das nações, como a mais ecuménica de todas. O mundo não precisa hoje da nossa insuficiente técnica, nem da nossa precária indústria, nem das nossas escassas matérias-primas. Necessita da nossa cultura e da nossa vocação para o abraçar cordialmente, como se ele fosse o património natural de todos os homens.»
Miguel Torga, Diário XV

Hoje, no seu discurso de tomada de posse, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou este pensamento de Torga (e outros, proferidos na mesma ocasião).
Haja quem os conheça!
Haja um Presidente que os conheça, compreenda e... os incorpore!


Interrogado sobre o discurso do novo Presidente, Paulo Portas afirmou que "Foi bom. Literariamente bem escrito."

Como disse Torga, na referida conferência (não sei se Marcelo o recordou), "A paixão tolda-nos a vista."


terça-feira, 8 de março de 2016

Ruy Cinatti

À noite, pela rua, vão
As árvores de braço dado
Com alguém que, abandonado,
Fuma um cigarro dos seus.

E enquanto um doce enleio
Troca segredos passados,
A noite mete-se a meio,
Nasce uma estrela no céu.
Ruy Cinatti, Anoitecendo a vida recomeça (1942)

Ruy Cinatti - Pintura de Maluda

Poeta, agrónomo, antropólogo, Ruy Cinatti nasceu a 8 de Março de 1915.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Procura-se mala!...

E eis que, na exposição do Museu de Arqueologia, deparamos com uma lápide cujo texto prova (como disse a Teresa) que já no tempo dos Romanos desapareciam malas nas viagens de avião...


«Ó Deusa Ataecina Turibrigensis Proserpina, pela tua majestade, te peço, rogo, imploro que vingues o roubo que me fizeram: quem quer que seja que de mim desviou, me roubou, desapossou das coisas que abaixo vão descritas: 6 túnicas, 2 capotes de linho, 1 camisa [...] ignoro o número.»


A importância de se chamar Possolo


Exige-se um retrato pintado de cada Presidente da República como testemunho da sua passagem pelo Palácio de Belém. 
Na dúvida sobre o artista que poderia retratá-lo, parece que Cavaco Silva se decidiu... em função do apelido do pintor. E terá dito (estou eu a imaginar): 
"Maria, olha que engraçado! Há um pintor que se chama Possolo. Tem o nome da travessa onde moramos! Só pode ser um sinal de que deve ser ele a pintar-me o retrato!" 

E prontos!...
Temos a travessa e o retrato do Possolo.


domingo, 6 de março de 2016

No dia em que Harnoncourt nos deixou

Que no Paraíso possa encontrar J.S. Bach!...



Data de nascimento de gente importante

6 de Março parece ser um data abençoada para o nascimento de pessoas marcantes em diferentes áreas culturais.

Miguel Ângelo



Gabriel Garcia Márquez

«Ele ainda era demasiado jovem para saber que a memória do coração elimina as coisas más e amplia as coisas boas, e que graças a esse artifício conseguimos suportar o peso do passado.»
O Amor nos Tempos de Cólera


David Gilmour
(o único deste grupo a quem se pode dar os parabéns "ao vivo" - uns lindos 70 anos!)



Lorin Maazel
(aqui como maestro)



A ordem é irrelevante...


quinta-feira, 3 de março de 2016

Vergonhoso!


Gostava de o ver passar pela situação que os refugiados experimentam para saber o que faria e o que diria. 


Novas formas de pobreza

«Cáritas Europa identifica novas formas de pobreza - trabalho precário, baixos salários e desemprego de longa duração»


Parece que a pobreza é o produto mais genuíno produzido pelo capitalismo.


Somos nós que lhe vamos pagar!



Alguém que esteve num Governo e é deputada na Assembleia da República vai ganhar dinheiro numa empresa que, por sua vez, ganha dinheiro à custa do falhanço de um banco que "colapsou" quando essa ex-governante e actual deputada era responsável pelas finanças em Portugal (e esteve envolvida na apresentação de soluções para esse banco).
Como nós - contribuintes portugueses - estamos a pagar o falhanço do Banif, somos nós que vamos pagar à ex-governante e deputada.

P.S. - E lembremo-nos que a senhora esteve do lado da elaboração dos contratos SWAP enquanto gestora pública e depois do lado de quem os considerou abusivos.


terça-feira, 1 de março de 2016

The Dark Side of the Moon

Again & Again...

Editado a 1 de Março de 1973


E os Pink Floyd chegaram ao topo do Mundo!...

«O álbum é musicalmente sofisticado, mas ainda assim simples. A estrutura das canções é muito simples. E em termos líricos, dirige-se a sucessivas gerações que têm tido todas as mesmas preocupações.» (Roger Waters, 2007)