"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 10 de janeiro de 2016

Mesquinho! Mesquinho! Mesquinho!

Li agora - aqui - um artigo de Paulo Guinote, que termina com uma referência aos "tempos remanescentes".

É exactamente o que eu penso: uma medida mesquinha que revela o carácter de quem a tomou - Nuno Crato.
Manifestei aqui alguma esperança que tinha relativamente ao novo ministro da educação quando se soube que seria Nuno Crato a ocupar o lugar (Junho de 1917).
Os 4 anos de governação foram uma enorme decepção. Depois de medidas como os "tempos remanescentes", sinto o mais profundo desprezo por quem pode ter uma visão tão mesquinha da acção educativa.
Transcrevo o referido excerto do texto de Paulo Guinote:

«Mas não queria terminar este muito breve comentário sem sublinhar um dos aspectos mais deprimentes do nosso horário de trabalho que é o dos chamados “tempos a repor”, calculados a partir dos 1100 minutos lectivos que devemos cumprir e que no caso das escolas que optaram pelos tempos de 45 minutos implicam que todos os meses seja feita uma contabilidade dos minutinhos que faltam para os 1100, contabilidade essa que ocupa bastante as preocupações dos senhores inspectores da IGE que fazem as vistorias periódicas destas matérias e que nos obrigam a desenvolver as chamadas actividades da treta para cumprir as contas de merceeiro decorrente da “autonomia” que se diz existir nas escolas para organizar os horários.
Cada vez que vejo aquelas contas e vejo as horas ou tempos a repor dá-me vontade de perguntar se esta não é uma das formas mais mesquinhas de menorizar o profissionalismo docente. E interrogo-me quando haverá a coragem para enviar esta obrigação para um poço bem fundo, onde a luz do sol não chegue.»


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