«No dia de Ano Novo! Quem não dá um significado meio supersticioso a datas marcadas como essa? Pensamos sempre que talvez comece uma era nova, que os nossos negócios prosperem ou que nos saia a sorte grande. Os homens são assaltados por ideias ambiciosas; as mulheres sonham que encontram o grande amor da sua vida ou que os filhos voltam de longe e que lhes falam como quando eram pequenos. Na verdade essas coisas às vezes acontecem; só que não causam tanta satisfação como quando inspiram a vida de todos os dias e dão ânimo aos pequenos destinos para serem serenamente cumpridos. A esperança em que misturamos até o cepticismo é a caligrafia de todos. Aí lemos alto sem saber de letras. Em todo o tempo, e tempo novo.»
Agustina Bessa-Luís, Crónica da Manhã
(Dezembro de 1978)
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