Ao "jornalismo de matilha", prefiro a bovinidade.
Repetindo Marguerite Yourcenar, nestas situações "é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros." É mais saudável.
Procuremos não ir na corrente e manter a lucidez.
Em contrastes com o que serão comportamentos pouco éticos, falemos de nobreza.
Há quase duas semanas faleceu Fernando Mascarenhas, com ou sem o Dom, Marquês de Fronteira e de Alorna e Conde da Torre, entre muitos outros títulos.
Numa entrevista concedida em Dezembro de 2000, afirmava o marquês:
«Há dois sentidos da palavra nobreza: a nobreza como substantivo e a nobreza como adjectivo. Todas as pessoas, qualquer que seja a sua condição social, podem ser nobres, sem que os seus avós tenham pertencido à classe da nobreza. Idealmente, os dois sentidos tendem a coincidir. Idealmente, numa sociedade ideal, as pessoas nobres de alma e de carácter deviam ser nobilitadas. Fui educado a saber a história que carregava no meu nome e tive de aprender a conhecê-la bem, a merecê-la, sem que, por isso, me sentisse senhor de quaisquer prerrogativas especiais.»
«Ter a noção de que tinha nascido nobre era de algum modo um privilégio (que hoje em dia, felizmente, não se traduz em nada de concreto), mas tinha que dele dar conta ao exterior. Não me ilibava de nada.»
Seria bom que todos aqueles que hoje desempenham ou pretendem vir a desempenhar cargos públicos assim pensassem: que esse exercício é um privilégio que, mais do que os ilibar de tudo ou de algo, os deve obrigar a um comportamento rigoroso e honesto.
Mais do que legal, o seu comportamento deve ser honesto.
Devem ser nobres.
Que não se deixem cair em tentação. Amén.
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