"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O nosso lirismo supera as agruras...

O relatório TALIS (Teaching and Learning International Survey), incidindo no 3.º Ciclo, publicado pela OCDE, esteve hoje em destaque no Público.
A base é uma amostra de 200 escolas, inquiridos 20 professores e o director de cada uma delas.

As apresentações/resumos dos resultados/conclusões pecam geralmente por isso, por serem um resumo, por serem um rabo com gato escondido - algumas conclusões que são ligeiras, algumas interpretações que podem ser dúbias.

Alguns resultados são interessantes e gostaríamos de ver mais.
Os professores portugueses sempre têm mais horas de componente lectiva do que a média e gastam mais tempo na preparação das aulas e na correcção dos trabalhos dos alunos.
O número médio de alunos por escola, em Portugal, ronda os mil - quase o dobro da média (mas cá... super-agrupar é que está a dar!).
Gosto de ver o grau de satisfação dos directores - chefe distingue-se à distância.

O principal desgosto dos professores portugueses (para cerca de 90%) parece ser o facto da sociedade não valorizar quem ensina - a começar por quem nos governa, digo eu.
No entanto, são crentes: "Quase todos os professores portugueses deste ciclo (99%) acreditam que contribuem para os alunos valorizarem a aprendizagem" - acima da média (80,7%) - e 97,5% considera que ajuda os estudantes a pensar criticamente (média de 80,3%).
E, no fim, 71,6% afirmam que continuariam a ser professores, mesmo que pudessem optar outra vez.
Somos - mas somos, mesmo - uns líricos!

Como dizia a minha avozinha: "Pobretes mas alegretes!"
Ou "Quanto mais me bates, mais eu gosto de ti".



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