"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O vazio da falta de um café e de dois dedos de conversa

José Rodrigues Miguéis queixava-se da sua pouca sorte com barbeiros, o primeiro dos quais - o que lhe cortou o cabelo aos 6 anos - morreu no Terreiro do Paço, na sequência de uma bala perdida no atentado ao rei D. Carlos, quando gritava um "Viva o Rei".*

Eu ando com pouca sorte aos cafés.
No terminal fluvial do Seixal, a D. Amélia fechou em Abril o cafezinho que tinha no quiosque.
Reaberto no Verão com o nome de Cantinho da Tina, fechou na semana passada, na 6.ª feira, dia 13 (dia que parece de azar).
Há o bar nos barcos, há o bar no interior da estação, mas que não tem as mesmas valências - é de passagem.
No quiosque era um 2 em 1 3 em 1: um café e dois dedos de conversa, com direito a cadeira e mesa ao Sol, quando ele queria aparecer.
Em ambos os casos - Sol ou céu nublado - seguia mais quentinho no caminho para a escola. Mais quentinho e desperto, no corpo e na alma.
Agora há um vazio - a margem Sul parece-me um deserto à chegada -, já nem apetece tanto a caminhada até ao centro do Seixal.

Também a partir de Janeiro, aquilo que ganhamos mal vai dar para estes excessos, como beber um café fora de casa.
Nada de vivermos acima das possibilidades que "eles" nos impõem!...

Para a Cristina C. (e para o Miguel) felicidades na nova fase da vida que se lhes abre.

* Pouca sorte com barbeiros, em Léah e outras histórias


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