"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Carnaval - os caretos de Podence

Fiel à matriz rural, não alinhada com os carnavais importados de outras latitudes e longitudes, mais autêntica, a festa de Carnaval de Podence não deixa de atrair forasteiros.
Podence, concelho de Macedo de Cavaleiros (Nordeste transmontano), é o cenário da festa com origens ancestrais. São referidas ligações deste Carnaval a antigas festas romanas - as Lupercais, em honra de Luperco (deus pastoril da protecção dos rebanhos contra os lobos) ou de Pã (deus dos rebanhos, dos pastores e da fecundidade).
Os caretos de Podence perpetuam rituais remotos. No Domingo e na 3.ª feira de Carnaval, moços solteiros vestidos com trajes garridos e com máscaras, percorrem as ruas da aldeia em correrias e grande algazarra, aos saltos e aos gritos, lançando a confusão. Correm pelas ruas atrás das mulheres, sobretudo das novas e solteiras, para "chocalhá-las, isto é, fazer com que os chocalhos que trazem à cintura batam repetidamente nas nádegas das raparigas.



A designação de caretos resulta das máscaras, em tempos antigos esculpidas em madeira ou feitas em cabedal. Hoje é mais usado o latão ou a folha-de-flandres.
São seres demoníacos que causam desordem.
Acabam por entrar nas adegas, onde saboreiam o vinho acompanhando as peças de fumeiro que "roubam". Aí a regra é descobrirem-se, ao contrário do que acontece nas ruas.


Há ainda outras cerimónias, como os casamentos do Entrudo, um acto burlesco que ocorre na noite de Domingo e que visa satirizar membros da comunidade local.
Durante os dias de Carnaval, serve-se, como prato cerimonial, o "salpicão de ossos" acompanhado com arroz ou batatas.



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