"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Demónio à solta

S. Bartolomeu
(e o diabo preso)
pintura do Museu
Machado de Castro
Dia 24 de Agosto é o dia S. Bartolomeu.
Há muitas festas e rituais associados ao santo, sendo comuns os banhos.

Segundo a cultura popular, S. Bartolomeu, que devia guardar o diabo (preso aos seus pés), distraiu-se e deixou-o fugir, pelo que o diabo anda à solta este dia. Assim, é sempre sentido um período de ventania durante o dia.
Recordo esta história desde que me foi contada, em Portalegre.

Na Foz do Douro, onde segundo a tradição local o corpo de S. Bartolomeu apareceu nas águas, o santo é festejado com um cortejo – o Cortejo do Trajo de Papel – que percorre as ruas da zona e em que os figurantes vestem fatos de papel-crepe bem coloridos e imaginativos. Este cortejo, que inclui carros alegóricos das colectividades locais, termina com o banho santo na praia do Ourigo, “redutor dos endemoninhados” e que tem um efeito preventivo sobre a epilepsia, a gaguez e o medo. Os trajes de papel são sacrificados (oferecidos) às águas do mar, esperando-se que S. Bartolomeu livre os participantes de maleitas até à festa do ano seguinte.
 


 
 
Pode ser que um ano destes tenha oportunidade de assistir (estas fotos foram retiradas da net).
Deixo a oração a São Bartolomeu contra os medos, para esconjurar diabos e, com um pouco de sorte e santa protecção, ministros e assessores malévolos: 
 
São Bartolomeu me disse
Que dormisse
E que velasse,
E que nenhum medo tomasse
Nem da onda,
Nem da sombra,
Nem também do pesadelo,
Ele tem a mão furada
E a unha recortada,
Quatro cantos tem a casa,
Quatro cantos tem o leito,
Quatro anjos me acompanhem
Sempre dentro do meu peito.
 
 

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