«Há neste bairro, que os transeuntes não suspeitavam tão interessante, um casarão, sobre que pairam lendas há já séculos. Todos as mencionam, e ninguém as sabe ao certo; todos prestam ouvidos para as escutar, e ninguém as ouve; todos as perguntam, e ninguém as explica. Falo do palácio chamado do Cunhal das Bolas, nas ruas do Carvalho e da Rosa. É um prédio enigmático, e, há poucos anos ainda, que quase lúgubre aspecto, hoje porém, desde 1866, convertido num alegre pombal de beneficência francesa, e portanto perfumado de benquerença pelas bondosas irmãs. É hospital, e escola; o corpo e a alma aí encontram o seu remédio.»
Júlio de Castilho, Lisboa Antiga - O Bairro Alto (vol. I), (1879)
O palácio fora vendido ao "Governo Imperial Francês", tendo-se nele estabelecido, «sob a inspecção do Ministro plenipotenciário de França, e direcção do Superior dos Lazaristas de S. Luís, o Asile Saint-Louis, onde se ensinam, com um carinho notável, as disciplinas da instrução primária. Faz gosto entrar aí; há um bem estar comunicativo, que só se poderia encontrar numa escola bafejada, como aquela, pela Religião.»
Ex-Palácio do Cunhal das Bolas a caminho de um bem estar bafejado pelo dinheiro de quem vem ver uma Lisboa convertida pervertida ao turismo.
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