«1. E eis que uma mulher descia do monte e disse-me: "Homem, para onde vais?" E eu disse: "Procuro uma parteira hebreia." E ela, respondendo-me, disse-me: "És de Israel?" E eu disse-lhe: "Sim." Ela disse: "Quem é a parturiente na gruta?" E eu disse: "É a minha noiva." E ela disse-me: "Não é tua mulher?" E eu disse-lhe: "É Maria, a criada no templo do Senhor. Calhou-me em sorte como esposa. Mas não é minha mulher, mas concebeu a partir do Espírito Santo." E a parteira disse-lhe: "Isto é verdade?" E José disse-lhe: "Vem cá e vê." E a parteira foi com ele.
2. E ficaram de pé no lugar da gruta. E eis que uma nuvem luminosa sombreava a gruta. E a parteira disse: "A minha alma foi engrandecida hoje, porque os meus olhos viram coisas milagrosas; porque salvação nasceu para Israel." E logo a nuvem se afastou da gruta; e apareceu uma luz tão grande dentro da gruta que os olhos não aguentavam. E daí a pouco aquela luz afastou-se, até que o bebé apareceu. E veio e tomou o peito de sua mãe, Maria. E a parteira exclamou e disse: "Este é um grande dia para mim, porque vi esta nova maravilha!"»
Evangelho de Tiago, XIX
Evangelhos Apócrifos Gregos e Latinos, tradução e comentários Frederico Lourenço
Eis alguém com sentido prático.
À falta de serviços de obstetrícia e ginecologia no SNS da Judeia sob domínio Romano, Tiago chama à cena a figura da parteira, para tratar de Maria e de Cristo.
No Evangelho de Pseudo-Mateus há referência a duas parteiras, que José fora procurar, com indicação dos seus nomes: Zelomi e Salomé. Esta última também aparece em Tiago (sem a informação explícita de que é parteira), mas da que primeiro chega junto de Maria não indica o nome.
Giotto não esquece a(s) parteira(s) nas suas duas Natividades mais conhecidas - na pintura da Basílica de Assis são duas as mulheres que cuidam de Jesus (plano inferior).
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