Quando surgiram em Portugal, em 2001, os rankings das escolas reflectiam uma tendência internacional na condução das políticas públicas. A ideia era simples. Numa sociedade complexa em que a comunicação é tudo, os decisores políticos só dão atenção aos temas que aparecem nos media. Para conquistarem o palco mediático, as mensagens têm de ser simples e curtas. Se puderem ser transmitidas em números, tanto melhor.
(...)
Os rankings das escolas ajudaram de facto a atrair as atenções para o problema da qualidade da educação em Portugal. E mudaram o comportamento dos actores do sistema de ensino (alunos, professores, encarregados de educação, directores escolares). Menos óbvia é a bondade destas transformações.»
Eduardo Paes Mamede, DN
- Prefiro que exista alguma (ou mais) informação do que nenhuma ou excessiva (o chamado Big Data) por vezes destinada a baralhar tudo.
- Dados apenas dos exames são redutores, em especial no Ensino Básico quando ficaram reduzidos a duas provas no 9.º ano, pois não permitem qualquer tratamento ao longo do tempo, ao nível da coorte de alunos.
- Os rankings reflectem apenas uma dimensão do desempenho dos alunos das escolas e devem ser enriquecidos com variáveis de contexto (que as escolas privadas não fornecem) que já são divulgadas há alguns anos, antes deste mandato, com destaque para o trabalho do Público nesse particular.
- Há no ME informação muito vasta que permite caracterizar de forma adequada a realidade de cada escola de forma estatística, mas não a forma como, internamente, se desenvolvem “micro-políticas de avaliação/sucesso”.
Mark Twain
Nesta fase, os rankings já "não me aquentam nem me arrefentam"...
Preocupado estou, com o caminho que a educação leva, na esteira daquele que a sociedade segue.
A realidade escolar não é uniforme - os meios em que as escolas se inserem são múltiplos, mas, numa escola básica da zona metropolitana de Lisboa, consigo antever determinados comportamentos por parte de alunos meus: egocentrismo, desrespeito pelos outros, por princípios e regras fundamentais, violência.
A facilidade de acesso aos meios de informação é confundida com conhecimento. As aulas não lhes agradam, por serem uma forma antiquada de aprendizagem de conteúdos sem interesse - "uma seca", quando eles "já sabem tanto" - têm o mundo nas falangetas!
Pondo as coisas de forma mais radical, a sensação que tenho, cada vez mais frequentemente ou com um número cada vez maior de alunos, é que estou a pretender que "cavalgaduras" aprendam, o que não é possível, por se considerarem já "puros-sangues".
Perdoem a linguagem cavalar, quando o desajustado serei eu!...
Escreveu Afonso Cruz, "é muito difícil, senão impossível, explicar a um néscio a importância da cultura, pois ele não tem cultura para perceber a falta dela."
Talvez por isso, à escola é apontado o caminho da "pedagogia fofinha".
Será o reconhecimento de que não os podemos vencer e, por isso, nos devemos juntar a eles.
Escreveu Daniel Sampaio (JL-Educação, 2 de Janeiro): "Dos jovens 29,6% diz não gostar da escola, a matéria escolar é demasiada para 87,2%, aborrecida para 84,9% e difícil para 82%. Estes dados mostram a necessidade urgente de revisão curricular".
Proponho que sejam os jovens a fazê-la.
Não se esqueçam de chamar aqueles meus alunos que acima referi.
Sejamos inclusivos!
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